A família de Lucas Sanches da Silva, de 40 anos, que morreu
ao tomar veneno após saber da morte do filho de 4 anos, em Ibirá (SP),
nega a versão do depoimento da mãe do menino, Natália Fernandes Balieiro, de 29
anos, dado para a polícia na última sexta-feira (4), em Macaubal (SP). Natália
disse que o marido a forçou a tomar o veneno.
"Para quem não conhece a história, ele vai ser o
carrasco, né? Ele colocou a arma na cabeça dela? Que arma? Não foi achada arma
nenhuma. Essa história me pegou de calça curta. Tenho certeza que ele jamais
faria o que ela disse. Ele gostava muito dela e jamais ele iria ameaçá-la a
fazer qualquer coisa desse tipo, de jeito nenhum", diz a agropecuarista
Dora Lúcia Sanches Silva, de 35 anos, irmã de Lucas e cunhada de Natália.
Natália e seus pais prestaram depoimento, mas não quiseram
dar entrevistas. Segundo o advogado de Natália, Élcio Padovez, Lucas estava com
uma espingarda na mão quando tomaram veneno. "Ele a forçou a beber
veneno”, diz.
O delegado Luciano Birolli Sanches Peres, que investiga o
caso, diz que irá ouvir Dora e a mãe dela nos próximos 15 dias e espera o laudo
sobre as causas da morte do menino para prosseguir com o caso.
Dora diz que acompanhou Natália durante todo o período de
recuperação dela no Hospital de Base de São José do Rio Preto (SP) e
afirma que a versão contada na ocasião é diferente da apresentada à polícia.
"Quando ela começou a falar, quando saiu do coma, eu, a
mãe e a irmã dela, que estávamos no hospital com ela, fomos orientadas a não
tocar no assunto, porque ela não sabia se o Lucas tinha morrido ou não. No
outro dia, ela me perguntou como o Lucas tinha sido enterrado. Ainda olhei para
a mãe e a irmã, querendo dizer, quem contou para ela? Ela quis falar como foi,
ninguém perguntou. E não foi essa versão do depoimento que ela contou."
Dora diz ainda que a ideia de tomar
veneno teria partido de Natália, e não do irmão. "Segundo o que a própria
Natália me falou, meu irmão disse que ela não era obrigada a fazer nada. Aí ela
falou: 'Eu quero sentir a mesma dor que o meu filho sentiu, eu quero ser
envenenada.'"
Segundo Dora, desde o dia em que o sobrinho foi internado, o
irmão dela percebeu que o menino estava muito ruim e falou que seria capaz de
dar um tiro na própria cabeça caso ocorresse algo com ele.
"Na noite antes do tragédia, meu irmão disse que se o
Zé Lucas (filho dele) morresse, ele ia dar um tiro na cabeça, que para ele não
tinha mais sentido viver. O menino morreu às 5h30 e às 6h20 ele me ligou e
falou: 'Dora, o nenê morreu.' O pai e a mãe da Natália estavam lá no hospital.
A Natália falou para o pai dela que era para enterrar os três juntos em Ibirá.
Ela falou em alto e bom tom", diz.
A agropecuarista está indignada com as declarações e diz que
ninguém da família esperava isso. "Ela é uma menina muito doce, muito
querida, serena e ninguém esperava esse tipo de atitude dela. Eu acho que ela
está sendo orientada", afirma.
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