O empresário Maurício Moraes Scaranello, de 35 anos, preso
por suspeita de maltratar a enteada de dois anos em Araçatuba, foi transferido
da penitenciária de Andradina (SP) para o presídio de Presidente Venceslau
(SP). A mudança de presídio foi definida pela Secretaria de Administração
Penitenciária (SAP), por conta da grande repercussão do caso. As informações são do portal G1/TV Tem.
O advogado do empresário deve entrar com pedido de habeas
corpus na Justiça, já que o relaxamento de prisão e a liberdade provisória
foram negados pela Justiça.
O pai da menina maltratada pelo padrasto visitou a filha
neste fim de semana em um abrigo cuidado pelo Conselho Tutelar. O funileiro
Anderson Luiz de Souza, de 35 anos, disse que a menina ainda aparenta estar
traumatizada com o que aconteceu. "Ela está bem melhor, mas um pouco
traumatizada ainda. Ela está bem mais quieta do que o normal, mas ela não
perguntou a razão de estar no abrigo", afirmou.
Anderson entrou com pedido de guarda da criança no último
dia 30, e agora espera a visita dos conselhereiros para avaliar as condições
onde vive. A avó também manifestou vontade de ficar com a criança. A análise
dos pedidos de guarda feitos por eles leva até 15 dias. Segundo o juiz da vara
da Infância e da Juventude, Adeilson Ferreira Negri, serão necessários estudos
para saber o destino da criança. “O pedido do pai, primeiro eu determinei uma
realização de estudo psicossocial, um breve estudo e da avó também, vou
precisar do estudo porque o caso requer cuidados maiores antes de se conceder a
guarda pra A ou para B”, explica Adeilson.
Casal foi indiciado por tortura
A Polícia Civil concluiu na sexta-feira (3) o inquérito que
investiga os maus-tratos. O caso será encaminhado ao Ministério Público e, a
partir de agora, os promotores vão continuar as investigações e devem intimar
novamente o casal e testemunhas para definir qual será o futuro do empresário e
da mãe. Os dois foram indiciados pelos crimes de tortura e por guardar material
considerado pornográfico da criança. A polícia não descarta a possibilidade de
pedir a prisão de Sara de Andrade Ferreira, de 21 anos. Ela nega ter
participado dos vídeos em que a criança é maltratada.
Na semana passada, a polícia divulgou novos vídeos da
criança sendo maltratada pelo padrasto. Em um deles, ela aparece amarrada pelas
pernas com fita adesiva. Maurício fala para a menina andar e ri quando ela cai
no chão. Em outro vídeo, o empresário grita e assusta a menina, que estava
cochilando. Ele também tenta abrir à força os olhos da criança.
Outra gravação mostra a menina dormindo no carro, presa pelo
cinto de segurança. Como a cabeça dela balança de um lado para o outro, por
causa do movimento do carro, o padrasto brinca falando que a menina ficou com
sono após tomar uísque. Desta vez, quem está filmando é a mãe da menina, a
jovem Sara de Andrade Ferreira, de 21 anos.
A mãe perdeu a guarda da filha depois que que um laudo da
perícia feita no computador e nos celulares do casal mostrou que ela também
participava de alguns vídeos.
Scaranello já prestou depoimento duas vezes. Segundo
informações da delegada titular da Delegacia de Defesa da Mulher, Luciana
Pistori, o padrasto disse, em depoimento, que os vídeos faziam parte de uma
brincadeira. “O padrasto disse que era tudo uma brincadeira e em nenhum momento
ele queria judiar da criança. Acho que ele tinha consciência das atitudes que
tomou", afirmou.
'Senti muita raiva'
Em entrevista à reportagem da TV TEM, Sara disse que não
sabia o que o padrasto fazia com a filha. "Tudo que estão falando tem me
magoado, porque ninguém conhece meu coração, as pessoas estão falando que eu
sabia dos vídeos, eu não sabia de maneira nenhuma. Foi um susto pra mim,
demonstra que eu não conhecia a pessoa com quem eu morava. Tudo isso está sendo
um choque pra mim. Os vídeos têm sido um choque pra mim, procuro nem ver
televisão porque isso me magoa demais."
Ela afirmou que também ficou surpresa quando viu os vídeos.
"Na hora em que vi os vídeos senti muita raiva, porque até então eu
confiava nele, eu deixava minha filha com ele. Nunca imaginei que isso ia
acontecer, que ia vim da parte dele. O que ele fez não é certo, por mais que
ele julgue que é uma brincadeira. Lógico que ele errou, ele está totalmente
errado, tanto que está onde está", disse.
Scaranello foi preso na casa onde mora, em um condomínio de
luxo em Araçatuba (SP). A polícia disse que a menina estava trancada sozinha
dentro de um quarto e que encontrou fotos da enteada nua no celular dele.
A mãe da menina também negou que tenha havido qualquer tipo
de abuso contra a filha. "Um dia, depois de dar banho na minha filha, pedi
pro meu marido tirar foto dela porque o celular dele tem resolução melhor que o
meu. Eu tenho certeza que as mães que ficam me julgando, me chamando disso e
daquilo, eu quero saber qual mãe que nunca tirou foto da sua filha pelada assim
que saiu do banho ou tirou foto da sua filha porque ela tá fazendo umas poses.
Tá todo mundo falando que eu sou um monstro, que é um absurdo, qual mãe que
nunca fez isso?", questionou.
Tapa na testa
A polícia divulgou na quinta-feira (2) mais vídeos da menina
gravados pelo padrasto. Em um deles a criança chora pedindo mamadeira, mas o
empresário se recusa e diz que só vai dar se ela o chamar de "papai".
No outro, o empresário canta uma música e ao final dá um tapa na testa da menina.
(Veja as duas cenas ao lado)
Segundo informações da delegada titular da Delegacia de
Defesa da Mulher, Luciana Pistori, o padrasto disse, em depoimento, que os
vídeos faziam parte de uma brincadeira. “O padrasto disse que era tudo uma
brincadeira e em nenhum momento ele queria judiar da criança. Acho que ele
tinha consciência das atitudes que tomou", afirmou.
Denúncia anônima
O caso foi descoberto no dia 26, quando o empresário foi
preso na casa onde mora, em um condomínio de luxo em Araçatuba (SP), após uma
denúncia anônima. Segundo a denúncia, Scaranello usava cola de forte aderência
para manter a menina sentada.
A polícia também encontrou no celular do empresário vídeos
onde ele impede a criança de dormir e dá cebola à menina dizendo ser maçã.
(Veja ao lado e abaixo)
O laudo do Instituto Médico Legal, divulgado na quarta-feira
(1º), apontou que a menina teve lesões causadas por cola de alta adesão. O
documento confirma o teor da denúncia que levou à prisão do empresário. Mas, em
depoimento à polícia ao ser preso, ele afirmou que a existência de cola na
menina era fruto de um "acidente".
O laudo traz informações detalhadas das partes do corpo da
menina atingidas pela cola e atesta também que ela não sofreu nenhum tipo de
abuso sexual. O resultado foi anexado ao inquérito.