"Lixo fashion" no Atacama: milhões de toneladas de roupas de marca são descartadas no deserto
O deserto do Atacama, no Chile, tornou-se um verdadeiro lixão da moda.

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Todos os anos, cerca de 39 mil toneladas de roupas são descartadas ilegalmente em meio às paisagens naturais, evidenciando o impacto ambiental do consumo acelerado da indústria têxtil. Conforme destacou o G1.
Agora, uma iniciativa liderada pela ONG brasileira Fashion Revolution, em parceria com a organização chilena Desierto Vestido, está transformando essa realidade. O projeto recolhe roupas descartadas no deserto, higieniza e disponibiliza gratuitamente no site da ação, onde os interessados podem escolher as peças pagando apenas o frete, que pode chegar a R$ 200.
O Atacama e o descarte clandestino de roupas
A cada ano, mais de 59 mil toneladas de roupas não vendidas, devolvidas ou com defeitos chegam ao porto de Iquique, no norte do Chile, uma zona de importação livre de impostos. Parte dessas peças é revendida ou contrabandeada para outros países da América Latina. O restante, que não encontra destino comercial, é descartado ilegalmente no deserto. Muitas roupas ainda estão com etiqueta, pertencendo a marcas famosas globais.
Apesar de um decreto chileno proibir o descarte de roupas em aterros sanitários comuns devido à presença de componentes químicos altamente inflamáveis, o lixão da moda segue em expansão.
O impacto ambiental e a urgência da mudança
De acordo com um relatório da Global Fashion Agenda, mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartadas nos últimos anos. Com a dinâmica do fast fashion, novas tendências surgem constantemente, gerando um volume crescente de peças descartadas.
Esse lixo, composto majoritariamente por poliéster, leva cerca de 200 anos para se decompor. Enquanto uma peça descartada ainda está no deserto, outra nova chega para ocupar seu lugar.
Transformando lixo em moda acessível
Com o objetivo de reduzir esse impacto e conscientizar a população, a Fashion Revolution Brasil e a Desierto Vestido recolhem peças descartadas e as disponibilizam gratuitamente. O transporte é feito por uma empresa que compensa a pegada de carbono gerada no processo.
Na última remessa, 300 peças, incluindo jaquetas, roupas esportivas de grandes marcas, vestidos e jeans, esgotaram-se em apenas cinco horas. Em breve, um novo lote estará disponível para resgate no site do projeto.