Justiça marca audiência de padrasto e mãe acusados de torturar menina

Justiça marca audiência de padrasto e mãe acusados de torturar menina

Menina ficou em um abrigo até ser levada pela tia-avó, que ganhou a guarda (Foto: Reprodução / TV TEM)
Menina ficou em um abrigo até ser levada pela tia-avó, que ganhou a guarda (Foto: Reprodução / TV TEM)

A Justiça de Araçatuba (SP) marcou para 16 de janeiro de 2015 a audiência de Maurício Moraes Scaranello e Sara de Andrade Ferreira, padrasto e mãe da menina de 3 anos que era vítima de tortura. A Polícia Civil concluiu em inquérito que eles foram indiciados pelos crimes de tortura e por guardar material considerado pornográfico da criança. O casal está preso em Tremembé (SP) e a audiência será feita por videoconferência no Centro de Detenção Provisória, de Taubaté (SP). Os advogados de defesa de Maurício e Sara afirmaram que ainda não foram notificados da audiência. O advogado de Sara, Rodrigo Rister de Oliveira, espera para esta semana uma decisão sobre o habeas corpus da mãe da menina. As informações são do portal G1/TV Tem.

A polícia prendeu Maurício no dia 26 de setembro depois de receber denúncias de maus-tratos e tortura contra a enteada dele, na época com 2 anos. Em vídeos encontrados pela polícia no celular dele, a menina aparece andando com as pernas amarradas com uma fita adesiva, comendo cebola achando que era maçã e pedindo para o padrasto deixá-la dormir.

Segundo informações da delegada titular da Delegacia de Defesa da Mulher, Luciana Pistori, o padrasto disse, em depoimento, que os vídeos faziam parte de uma brincadeira. “O padrasto disse que era tudo uma brincadeira e em nenhum momento ele queria judiar da criança. Acho que ele tinha consciência das atitudes que tomou", afirmou. Scaranello já prestou depoimento duas vezes.

Sara foi presa no dia 9 de outubro depois de uma decisão da Justiça de Araçatuba, que decretou a prisão preventiva da mulher. Segundo a decisão da Justiça, existem sérios indícios de que a mãe filmou, fotografou e participou de situações praticadas contra a filha e que a mãe não tomou nenhuma atitude para impedir as condutas do padrasto. Ainda segundo a decisão, manter Sara solta é colocar em risco a integridade física da filha.

A mãe perdeu a guarda da filha depois que que um laudo da perícia feita no computador e nos celulares do casal mostrou que ela também participava de alguns vídeos. Após passar 15 dias em um abrigo, a menina que foi torturada foi levada para uma tia-avó materna, que conseguiu a guarda da criança no dia 15 de outubro. A menina estava no abrigo desde 1º de outubro.

Um laudo do Instituto Médico Legal apontou que a menina teve lesões causadas por cola de alta adesão. O documento confirma o teor da denúncia que levou à prisão do empresário. Mas, em depoimento à polícia ao ser preso, ele afirmou que a existência de cola na menina era fruto de um "acidente". O laudo traz informações detalhadas das partes do corpo da menina atingidas pela cola e atesta também que ela não sofreu nenhum tipo de abuso sexual. O resultado foi anexado ao inquérito.

"Eu não sabia", alega mãe

Em depoimento à polícia, a mãe negou que tenha participado dos vídeos. Em entrevista à reportagem da TV TEM, Sara disse também que não sabia o que o padrasto fazia com a filha. "Tudo que estão falando tem me magoado, porque ninguém conhece meu coração, as pessoas estão falando que eu sabia dos vídeos, eu não sabia de maneira nenhuma. Foi um susto pra mim, demonstra que eu não conhecia a pessoa com quem eu morava. Tudo isso está sendo um choque pra mim. Os vídeos têm sido um choque pra mim, procuro nem ver televisão porque isso me magoa demais."

 Vídeos
Outra gravação mostra a menina dormindo no carro, presa pelo cinto de segurança. Como a cabeça dela balança de um lado para o outro, por causa do movimento do carro, o padrasto brinca falando que a menina ficou com sono após tomar uísque. Desta vez, quem está filmando é a mãe da menina.

Em outro vídeo, a criança chora pedindo mamadeira, mas o empresário se recusa e diz que só vai dar se ela o chamar de "papai". No outro, o empresário canta uma música e ao final dá um tapa na testa da menina.

A polícia também divulgou o vídeo onde a criança aparece amarrada pelas pernas com fita adesiva. Maurício fala para a menina andar e ri quando ela cai no chão. Em outro vídeo, o empresário grita e assusta a menina, que estava cochilando. Ele também tenta abrir à força os olhos da criança.

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