Região: MST recruta moradores da periferia para acampamentos
Região: MST recruta moradores da periferia para acampamentos

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O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) está recrutando e moradores das periferias de Araçatuba e região para viver em barracas de lona. A ideia do movimento, que iniciou o alistamento em janeiro, é criar um grupo de pelo menos 500 novos acampados para pressionar o governo federal a desapropriar fazendas improdutivas na região e promover a reforma agrária. Com informações do Jornal Folha da Região de Araçatuba.
O acampamento, criado no dia 29 de março na margem da via Caram Rezek, dois quilômetros após o bairro rural de Engenheiro Taveira, já tem 340 famílias cadastradas, sendo que 80% são de pessoas que nunca estiveram ligadas a nenhum grupo sem-terra.
Elisângela Cristina Atílio ganha um salário mínimo como camareira de um motel em Araçatuba e paga R$ 150 para morar em um cômodo alugado por sua patroa. Filha de sitiantes, ela se lembra das brincadeiras de infância nos pastos e lamenta a vida sem perspectivas na cidade. Desde quinta-feira, se tornou sem-terra. Ao se alistar, Elisângela recebeu uma cópia do Regimento Interno do MST, com deveres a serem cumpridos e a seguinte saudação: "Bem-vinda à luta por uma vida mais digna. Não vai ser fácil, mas é preciso resistir".
A recepção foi feita pela direção do acampamento, que deixa claro, a todos que chegam, que as regras de convivência são rígidas e que qualquer desvio é punido com exclusão imediata. "Sei que não vai ser fácil, mas minha vida na cidade não é melhor. Acho que vou me adaptar bem em morar em uma barraca de lona, sem conforto, pois sei que estou lutando por dias melhores".
De acordo com a membro da direção do Acampamento Adão Pretto, Elizete Alves Montoro, as famílias convidadas moram na periferia de Araçatuba, Birigui, Brejo Alegre, Guararapes, Bilac e Guzolândia. Ela explicou que são aceitas pessoas que, mesmo não tendo experiência prévia com o trabalho no campo, demonstrem vontade de conseguir um lote e, com assistência técnica, produzir alimento "para a cidade".
PENEIRA
Elizete explica, no entanto, que apesar de não ter limites para o número de inscritos, não são todas as pessoas que chegam ao movimento que são abrigadas. Ela disse que é preciso comprovar que o candidato a sem-terra não tenha uma vida estabilizada na cidade a ponto de usar a terra como área de descanso ou imóvel a ser vendido.
"A gente tenta, ao máximo, evitar este tipo de situação. Todas as vezes que detectamos, excluímos a pessoa", disse a coordenadora.
A líder acrescenta que muitos críticos ao MST argumentam que os acampados têm carros, motos e até caminhonetes. "Todo mundo fala isso, como se o sem-terra devesse ser praticamente um andarilho. Todo mundo tem sua vida na cidade e ter um veículo não a exclui do sonho de ter uma vida mais digna no campo", afirma.
Ruralista critica falta de afinidade com a terra
O presidente do Sindicato Rural de Andradina, José Augusto Rosa, órgão ligado aos donos de propriedade rural, critica a arregimentação feita pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) nas periferias da região. Ele disse que a falta de afinidade das pessoas que vivem na cidade com a terra dificultam o desenvolvimento dos assentamentos. "O que temos visto é um fracasso da grande maioria dos lotes porque as pessoas beneficiadas não têm identificação com o trabalho no campo".
Rosa disse ainda que teme que estas pessoas acabem vendendo os lotes com contratos irregulares no futuro. "Não vejo futuro neste tipo de modelo de reforma agrária e o MST mostra-se, cada vez mais, um movimento mais ligado à política do que com a questão agrária", critica. J.O.
O acampamento, criado no dia 29 de março na margem da via Caram Rezek, dois quilômetros após o bairro rural de Engenheiro Taveira, já tem 340 famílias cadastradas, sendo que 80% são de pessoas que nunca estiveram ligadas a nenhum grupo sem-terra.
Elisângela Cristina Atílio ganha um salário mínimo como camareira de um motel em Araçatuba e paga R$ 150 para morar em um cômodo alugado por sua patroa. Filha de sitiantes, ela se lembra das brincadeiras de infância nos pastos e lamenta a vida sem perspectivas na cidade. Desde quinta-feira, se tornou sem-terra. Ao se alistar, Elisângela recebeu uma cópia do Regimento Interno do MST, com deveres a serem cumpridos e a seguinte saudação: "Bem-vinda à luta por uma vida mais digna. Não vai ser fácil, mas é preciso resistir".
A recepção foi feita pela direção do acampamento, que deixa claro, a todos que chegam, que as regras de convivência são rígidas e que qualquer desvio é punido com exclusão imediata. "Sei que não vai ser fácil, mas minha vida na cidade não é melhor. Acho que vou me adaptar bem em morar em uma barraca de lona, sem conforto, pois sei que estou lutando por dias melhores".
De acordo com a membro da direção do Acampamento Adão Pretto, Elizete Alves Montoro, as famílias convidadas moram na periferia de Araçatuba, Birigui, Brejo Alegre, Guararapes, Bilac e Guzolândia. Ela explicou que são aceitas pessoas que, mesmo não tendo experiência prévia com o trabalho no campo, demonstrem vontade de conseguir um lote e, com assistência técnica, produzir alimento "para a cidade".
PENEIRA
Elizete explica, no entanto, que apesar de não ter limites para o número de inscritos, não são todas as pessoas que chegam ao movimento que são abrigadas. Ela disse que é preciso comprovar que o candidato a sem-terra não tenha uma vida estabilizada na cidade a ponto de usar a terra como área de descanso ou imóvel a ser vendido.
"A gente tenta, ao máximo, evitar este tipo de situação. Todas as vezes que detectamos, excluímos a pessoa", disse a coordenadora.
A líder acrescenta que muitos críticos ao MST argumentam que os acampados têm carros, motos e até caminhonetes. "Todo mundo fala isso, como se o sem-terra devesse ser praticamente um andarilho. Todo mundo tem sua vida na cidade e ter um veículo não a exclui do sonho de ter uma vida mais digna no campo", afirma.
Ruralista critica falta de afinidade com a terra
O presidente do Sindicato Rural de Andradina, José Augusto Rosa, órgão ligado aos donos de propriedade rural, critica a arregimentação feita pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) nas periferias da região. Ele disse que a falta de afinidade das pessoas que vivem na cidade com a terra dificultam o desenvolvimento dos assentamentos. "O que temos visto é um fracasso da grande maioria dos lotes porque as pessoas beneficiadas não têm identificação com o trabalho no campo".
Rosa disse ainda que teme que estas pessoas acabem vendendo os lotes com contratos irregulares no futuro. "Não vejo futuro neste tipo de modelo de reforma agrária e o MST mostra-se, cada vez mais, um movimento mais ligado à política do que com a questão agrária", critica. J.O.