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Três
Lagoas já foi considerada a cidade das bicicletas, em razão de ser plana.
Entretanto, a realidade hoje é outra. A migração do ciclista para o transporte
motorizado, principalmente para as motocicletas, fez com que houvesse uma
redução no número de bicicletas em Três Lagoas. Apesar desse veículo não ser
cadastrado no Detran para se ter dados oficiais, a diretora do Departamento de
Trânsito, Creuza Ramos, acredita que houve uma redução em torno de 50% no
número de bicicletas em Três Lagoas nos últimos anos. Segundo ela, em 2005, a
estimativa era de que existiam 44 mil bicicletas na cidade. Atualmente, a
previsão é de que esse número tenha caído para 20 mil. As informações são do
Jornal do Povo de Três Lagoas.
O
principal fator para essa redução, de acordo com a diretora, leva em
consideração as facilidades que as pessoas estão tendo para adquirir carro e
moto. “Quem tinha uma bicicleta passou a ter uma moto, e quem andava de moto
passou a ter um carro”, comentou. A conclusão de que houve essa redução, de
acordo com Creuza, leva em consideração a quantidade de vagas para estacionamento
destinadas a motocicletas que existiam há alguns anos na área central e que, no
momento, têm sido insuficientes para atender à demanda. “Nós triplicamos a
quantidade de estacionamentos no Centro e mesmo assim faltam vagas para
motocicletas”, destacou.
A
diretora disse ainda que, andando pelas ruas, é possível perceber também que
houve redução de bicicletas e o aumento de motocicletas na cidade. Essa
situação tem se refletido diretamente no trânsito de Três Lagoas, já que muitos
ciclistas migram para o veículo motorizado sem ter muita noção das regras de
trânsito. Nos últimos anos, houve um acréscimo considerável de veículos na
cidade. Em dezembro de 2007, a frota era composta por 35.775 veículos. Até
ontem, segundo dados do Detran, Três Lagoas contava com 60.670 veículos
registrados no órgão. Desse total, 23.289 são motocicletas (incluindo motonetas
e biz). Em 2007, a cidade tinha 13.087 motos cadastradas no Detran.
QUEDA
A redução do número de bicicletas em Três Lagoas é sentida por alguns proprietários
de bicicletarias na cidade. Alguns afirmam que tiveram uma redução nas vendas e
concertos de bicicletas em torno de 30%. Um deles é o comerciante Sidney
Rodrigues, que há 26 anos tem uma bicicletaria ao lado do prédio onde
funcionava o antigo Mercado Municipal. “Não só com as vendas, mas com a parte
de mecânica também houve uma queda em torno de 30% nos últimos anos”, revelou.
Ele
contou que essa realidade não se refere apenas a Três Lagoas, mas também a
outros municípios. “Eu converso com os viajantes e eles falam que diminuiu
bastante o número de bicicletas nas cidades”, salientou. Apesar do
momento, Sidney afirmou que ainda é viável permanecer nesse ramo, e que adora o
que faz.
Proprietária
da bicicletaria Fantástica, Ana Cristina Lemos também sentiu essa migração do
ciclista para a motocicleta. Há 15 anos atuando no ramo, ela revelou que houve
uma queda nas vendas e concertos de aproximadamente 20%. A solução, de acordo
com ela, foi se adaptar à nova realidade. “Passamos a comercializar bicicletas
mais modernas, voltadas principalmente à prática do esporte. Há pessoas que vêm
comprar porque o médico recomendou fazer exercício; outras querem uma peça mais
sofisticada. Conforme a demanda, vamos nos adequando”, revelou.
Mas
nem todo o empresário sentiu o reflexo dessa migração. É o caso do comerciante
Paulo Sérgio, que atua no ramo há 15 anos. Ele disse que, neste final de ano,
por exemplo, houve um aumento nas vendas de bicicletas, principalmente para os
adolescentes. “Na faixa etária dos 9 a 14 anos, ainda há muitos adolescentes
que preferem uma bicicleta a um equipamento eletrônico, como tablets, por
exemplo”, comentou.
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