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O Senado da França resistiu nesta
sexta-feira, 22, às seis semanas de pressão de trabalhadores e estudantes e
aprovou a reforma da previdência proposta pelo governo de Nicolas Sarkozy. O
sim dos senadores aumenta a idade mínima de aposentadoria de 60 anos para 62
anos e quebra um tabu político que já durava 28 anos no país. Com
informações do Jornal O Estado de São Paulo.
A votação abre o caminho para que o projeto seja promulgado na próxima
quarta-feira, mas não encerra a mobilização popular. Três novos dias de
protestos e greves já estão marcados para as próximas duas semanas.
A aprovação aconteceu por volta das 20h10 - 16h10 em Brasília - no Palácio
de Luxemburgo, em Paris, e encerrou uma maratona de 150 horas e três semanas de
debates no Senado. O escore: 177 votos a favor e 153 contra. Mesmo que o placar
tenha sido apertado, a vitória do governo não era colocada em questão, menos
ainda depois que os senadores centristas anunciaram, à tarde, que votariam ao
lado do governo.
Instantes depois da aprovação, o ministro do Trabalho, Eric Woerth,
responsável pelo projeto, celebrou a vitória. "Este momento é solene,
porque é o da lucidez, da responsabilidade, da coragem. Não é ao nos abraçarmos
aos símbolos do passado que continuaremos uma grande nação", justificou.
Woerth se referia a um tabu dos franceses: a idade de aposentadoria, que
havia sido criada pelo governo do presidente socialista François Mitterrand em
1982, a partir de um projeto de lei que recuou a idade mínima de 65 para 60
anos.
Desde então, reformas da previdência foram realizadas em 1993, 1995, 1999,
2003 e 2007, mas nenhum governo da França havia conseguido elevar o piso.
Satisfeito com a conquista, Woerth pediu o fim das manifestações de rua.
"Deve haver um antes e um depois do voto. Estamos em uma democracia.
E em uma democracia as instituições falam", afirmou, referindo-se aos
protestos. O ministro ainda alfinetou a oposição, que participa do movimento
popular contra a reforma. "A esquerda está sempre atrasada. Em 2010, ela
está de acordo com a reforma de 2003. E aceitarão a reforma de 2010 no
futuro."
Pelo protocolo legislativo, o projeto aprovado no Senado passará agora por
uma comissão mista de deputados e senadores que unificará os textos. A
expectativa do governo é de que na terça e quarta-feira o projeto seja votado
simbólica na Assembleia e no Senado, passando então à promulgação por Sarkozy
no mesmo dia.
Resposta
Os principais
sindicatos de trabalhadores e estudantes já convocaram três novos protestos,
independente da votação no Senado. O objetivo oficial dos protestos é evitar a
promulgação da lei, mas nos bastidores a meta é impor o maior desgaste possível
à imagem de Sarkozy, preparando as eleições presidenciais de maio de 2012.
Na quinta-feira, o grupo intersindical, que reúne os seis maiores
sindicatos do país, já havia convocado protestos para a quinta-feira, 28, e
para o dia 6 de novembro. "Os trabalhadores nos pediram que
continuássemos, e nós o faremos", garantiu François Chérèque,
secretário-geral da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), o
maior do país.
Antes dos trabalhadores, já na terça-feira, um primeiro protesto será
realizado pela União Nacional de Estudantes da França (Unef). O desafio do
movimento, reconheceu Dylan Ahmeury, delegado da Federação Independente e
Democrática Secundarista (Fidl), será reunir quórum entre estudantes
secundaristas, que entraram em um período de duas semanas de férias de outono:
"É verdade que será mais difícil fazer com que os estudantes secundaristas
venham ao centro para e manifestar em meio às férias".
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