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O PIB representa a soma de todos os bens e serviços produzidos em uma região. É um dos indicadores mais utilizados para medir a atividade econômica entre países.
Na última vez que o Brasil cresceu acima dos 7%, a população brasileira ainda se via refém de um gigante que assolou a vida financeira de toda uma geração: a inflação descontrolada, que ultrapassava os 200% ao ano. Em 1986, quando o PIB saltou 7,49%, o governo lançava o Plano Cruzado. Na cartilha, medidas rigorosas contra a inflação: congelamento dos preços e de salários e a desindexação da economia faziam parte das medidas do novo pacote.
O Brasil de 2010 desponta em um cenário diferente. No lugar do “fiscal do Sarney” – nome dado aos consumidores que faziam o controle dos preços nos supermercados – surgiu uma classe média ascendente, com alto poder de consumo. Em cinco anos, mais de 97 milhões de pessoas passaram a fazer parte da chamada classe C.
Além disso, as bases macroeconômicas sólidas e o mercado financeiro estruturado levaram o País à condição de “bola da vez” no cenário pós-crise. “Um crescimento de 7% previsto para 2010 representará uma das cinco maiores taxas de crescimento do mundo”, diz Octavio de Barros, diretor de Pesquisa Macroeconômica do Banco Bradesco.
Ele explica que, em 1986, o crescimento de 7,5% foi obtido ao custo de “uma série de distorções” na economia. Segundo Barros, o Plano Cruzado trouxe ganhos de curto prazo, aumentando o consumo até então represado das famílias, mas gerando desequilíbrios, por conta do congelamento de preços e da ausência de controle dos gastos públicos.
“Hoje é possível crescer 7% com uma economia muito mais previsível, fruto das políticas macroeconômicas acertadas adotadas nos últimos 15 anos e, em especial, desde 1999, quando foram implementados o regime de metas de inflação, o câmbio flutuante e a maior responsabilidade fiscal”, completa.Desequilíbrio
Embora o número para o PIB em 2010 salte aos olhos, os economistas fazem ressaltas. “Claramente, é uma expansão superior ao potencial de crescimento anual do PIB”, diz Mailson da Nóbrega, ministro da Fazenda entre os anos de 1987 e 1990, e atual sócio da Tendências Consultoria.Para ele, que projeta alta de 6,5% do PIB neste ano, o PIB potencial ficaria em torno de 4,5%. “Assim, tal ritmo cria desequilíbrios: inflação e deterioração do déficit em conta corrente do balanço de pagamentos.”
Octavio de Barros alerta para o descompasso entre o crescimento da demanda e da oferta. “Neste ano, por exemplo, a absorção doméstica deverá crescer 9,7%, taxa muito superior à expansão da oferta, que é o PIB.”
O economista do Bradesco diz que a infraestrutura deficitária, a falta de mão de obra e a complexidade do sistema tributário são as principais responsáveis pelo desequilíbrio da oferta. “É necessário avançar aumentando a eficiência microeconômica da economia brasileira, o que passa pelo aumento da eficiência do setor público.”
Dado o descompasso, que gera pressão inflacionária, a economia brasileira não deve manter o ritmo de crescimento acima da casa dos 6% depois de 2010. Os analistas consultados pelo Banco Central no Boletim Focus recuam para 4,5% das projeções para o PIB em 2011. O voo pode ser alto, mas ainda não durará muito tempo.
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