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Com a ideia, Evo acerta dois alvos com um tiro só. Primeiro, dá uma rasteira na americana Coca-Cola, considerada um dos símbolos do capitalismo. Por fim, a decisão dá uma mãozinha para os cocaleiros de Chapare, berço político do presidente boliviano, onde ele se tornou conhecido como líder sindical dos plantadores de folha de coca da região.
O nome do novo refrigerante foi proposto pelos próprios cocaleiros - e faz bastante sentido. "Colla" é uma alusão aos habitantes que vivem na parte andina do país, em contraste com os "cambas", moradores das terras baixas.
Segundo a Secretaria de Coca e Desenvolvimento Integral, o projeto já está em andamento e o refrigerante pode chegar ao mercado em quatro meses. O governo, contudo, ainda não definiu se o empreendimento será totalmente estatal ou se tentará atrair capital privado - especula-se que possa haver uma joint venture do Estado com uma cooperativa de cocaleiros.
De acordo com funcionários do governo, o que já se sabe é que a Coca-Colla também será uma bebida preta vendida com um rótulo vermelho, uma provocação nada discreta à insígnia da original americana.
A Bolívia tem a terceira maior produção de folha de coca do mundo - apenas Colômbia e Peru produzem mais. O país é constantemente pressionado a reduzir o cultivo, o que põe Evo em uma posição difícil: conciliar a pressão internacional, que tenta desestimular a produção da matéria-prima da cocaína, e a pressão interna dos cocaleiros, que não querem deixar de cultivar uma planta que há 3 mil anos faz parte da identidade boliviana.
Desde que foi eleito pela primeira vez, em 2005, Evo tem prometido aumentar a área para cultivo legal da coca. Para isso, seu governo se esforça para encontrar utilidades para a planta. A Bolívia já produz chá, farinha, pasta de dentes e bebidas alcoólicas à base da folha de coca.
A iniciativa de Evo, porém, será outro ponto de atrito com os EUA. A relação entre os dois países anda estremecida desde que o governo boliviano expulsou do país a DEA, agência antidrogas dos EUA, e declarou o embaixador americano persona non grata, em 2008.
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