Agência Brasil | 0, 10 mar 2018 - 21h00
| Atualizado: Quinta-feira, 11 maio 2023 - 02h35
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Notícias consideradas falsas se espalham mais facilmente na internet do que textos verdadeiros. A conclusão foi de
um estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), instituição de ensino
reconhecida mundialmente pela qualidade de cursos de ciências exatas e de áreas vinculadas à tecnologia.
Os pesquisadores Soroush Vosoughi, Deb Roy e Sinan Aral analisaram 126 mil mensagens (não apenas notícias
jornalísticas) divulgadas na rede social Twitter entre 2006 e 2017. No total, 3 milhões de pessoas publicaram ou
compartilharam essas histórias 4,5 milhões de vezes. O caráter verdadeiro ou falso dos conteúdos foi definido a
partir de análises realizadas por seis instituições profissionais de checagem de fatos.
Os autores estimaram que uma mensagem falsa tem 70% mais chances de ser retransmitida (retuitada, no jargão
da rede social) do que uma verdadeira. As principais mensagens falsas analisadas chegaram a ser disseminadas
com profundidade oito vezes maior do que as verdadeiras. O conceito de profundidade foi usado pelos autores
para medir a difusão por meio dos retuítes (quando um usuário compartilha aquela publicação em sua rede).
O alcance também é maior. Enquanto os conteúdos verdadeiros em geral chegam a 1.000 pessoas, as principais
mensagens falsas são lidas por até 100.000 pessoas. Esse aspecto faz com que a própria dinâmica de “viralização”
seja mais potente, uma vez que a difusão é “pessoa a pessoa”, e não por meio de menos fontes com mais
seguidores (como matérias verdadeiras de contas de grandes veículos na Internet).
Motivos
Os pesquisadores investigaram o perfil dos usuários para saber se estaria aí o motivo do problema. Mas, para sua
própria surpresa, descobriram que os promotores desses conteúdos não são aqueles com maior número de
seguidores ou mais ativos. Ao contrário, em geral são pessoas com menos seguidores, que seguem menos
pessoas, com pouca frequência no uso e com menos tempo na rede social.
Uma explicação apresentada no estudo seria a novidade das mensagens. As publicações falsas mais
compartilhadas eram mais recentes do que as verdadeiras. Outra motivação destacada pelos autores foi a reação
emocional provocada pelas mensagens. Analisando uma amostra de tuítes, perceberam que elas geravam mais
sentimentos de surpresa e desgosto, enquanto os conteúdos verdadeiros inspiravam tristeza e confiança.
Política no centro
A pesquisa também examinou a disseminação por assunto. As mensagens sobre política circulam mais e mais
rapidamente que as de outras temáticas. Esses tipos de conteúdos obtiveram um alto alcance (mais de 20 mil
pessoas) três vezes mais rápido que as publicações de outros assuntos. Também ganharam visibilidade os tuítes
sobre as chamadas “lendas urbanas” e sobre ciência.
“Conteúdos falsos circularam significantemente mais rapidamente, mais longe e mais profundamente do que os
verdadeiros em todas as categorias de informação. E esses efeitos foram mais presentes nas notícias falsas sobre
política do que naquelas sobre terrorismo, desastres naturais, lendas urbanas e finanças”, constaram os autores.
Robôs
Os autores também examinaram a participação de robôs (bots, no jargão utilizado por especialistas) na
disseminação dessas notícias. Diferentemente de teses apresentadas em outros estudos, os robôs avaliados
compartilharam mensagens falsas e verdadeiras com a mesma intensidade. “Notícias falsas se espalham mais do
que as corretas porque humanos, e não robôs, são mais suscetíveis a divulgá-las”, sugere o artigo.