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A exposição Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30
anos, que marca as três décadas da instituição, reúne na Oca, no Parque
Ibirapuera, mais de 750 obras que remetem a momentos históricos do país – desde
a primeira obra adquirida por Olavo Egydio Setubal, no fim dos anos 60, às
novas aquisições para a sua coleção.
A abertura ocorre nesta quinta-feira (25), e a mostra segue
até 13 de agosto, ocupando os mais de 10 mil metros quadrados da Oca. A
exposição é o maior recorte do Acervo de Obras de Arte Itaú Unibanco exibido em
conjunto até hoje. O acervo é considerado um dos maiores do mundo e o maior da
América Latina.
Em 1969, o empresário Olavo Egydio Setubal adquiriu a obra Povoado
numa Planície Arborizada, do pintor holandês Frans Post, a primeira de um
conjunto que soma atualmente cerca de 15 mil peças, reunidas no acervo mantido
pelo Itaú Cultural – todas adquiridas com recursos próprios.
Para reunir a história do acervo, que se mescla à da
construção do Brasil, os curadores apresentam 20 núcleos a serem percorridos
pelos visitantes, fazendo articulações e linhas de continuidade e ruptura entre
eles. Os trabalhos ocupam os quatro andares da Oca, sem seguir uma sequência
cronológica e construindo nexos e diálogos diversificados entre as obras. O
objetivo é que público seja levado a descobertas estéticas, linguísticas,
conceituais e políticas, dando indicações para que novos modos de ver a arte
brasileira sejam construídos.
Para os curadores Paulo Herkenhoff, Thais Rivitti e Leno
Veras, a mostra não é linear. “Cada visitante é convidado a organizar seu
percurso como experiência de liberdade e capacidade de conhecimento. Modos
de Ver dedica-se, em especial, ao público pouco familiarizado com a arte.
Os textos nos andares têm o propósito apenas de sugerir caminhos de observação,
indicar aspectos especiais ou possivelmente desconhecidos, levantar hipóteses e
indagações. Toda vontade de conhecer a arte é relevante”, afirma a curadoria.
Obras
Entre as obras que podem ser vistas na exposição, as mais
antigas são os dois mapas Jodocus Hondius: AmericaSeptentrionalis, de
1613, e Henricus Hondius: Accuratissima Brasiliae Tabula, de 1630, além
dos livros raros Sebastiano Beretario: Iosephi Anchietatae Societatis Iesu
Sacerdotis In Brasilia Defuncti Vita, de 1617, Nicolaus Orlandini:
Historiae Societatis Iesv, de 1620, e George de Spilbergen: Miroir Oost
& West-Indical Auquel sont defcriptes les deux dernieres Navigations, de
1621.
Há também trabalhos do pintor brasileiro Candido Portinari,
considerado um dos mais importantes artistas nacionais do século 20, Emiliano
Di Cavalcanti, a escultora Maria Martins, o artista Hélio Oiticica, o escultor
ítalo-brasileiro Victor Brecheret e a artista Lygia Clark. Entre os modernistas
estrangeiros está o pintor francês Fernand Leger.
A mostra traz ainda a reconstrução da escultura vertical sem
título, com 5,35 metros de altura, de Ascânio MMM, que foi encomendada nos anos
de 1970, quando Olavo Setubal era prefeito de São Paulo. Em 1989, a obra foi
retirada para restauração pela prefeitura da época, mas foi dada como
irrecuperável e não voltou ao local.
O público poderá conhecer obras de artistas contemporâneos,
como Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Vik Muniz, Berna Reale, Jaime Lauriano,
Ayrson Heráclito e Eder Oliveira.
Temas
São Paulo é o foco do piso térreo, com fotos e obras da
cidade, desde a sua fundação, até trabalhos produzidos em 2017. Mesclam-se,
nesse piso, temas como o início da vila, passando pela construção do interior
do estado, com obras de Benedito Calixto, e telas sobre a era do café, de
Cândido Portinari. Há ainda obras que retratam a urbanidade da capital
paulista, como fotografias dos prédios, de Cláudia Jaguaribe, detalhes de
edifícios, de Claudio Edinger, e paisagens urbanas interpretadas nos grafites
de Alexandre Órion.
No primeiro andar, as obras remetem ao pós-2ª Guerra
Mundial, momento em que, segundo os curadores, um conjunto de questões aglutinou
os artistas brasileiros em torno das artes visuais. Estão aí obras da primeira
geração de cinéticos, como Abraham Palatnik, as cores de Amélia Toledo e as
gravuras de Maria Bonomi.
A exposição traz ainda, no segundo piso, a formação social
do Brasil: o Barroco e Neobarroco, com foco em duas passagens traumáticas da
história do país – a escravidão e a conquista das terras indígenas. As obras
são de artistas como Aleijadinho e Mestre Valentim, além da contemporânea
Adriana Varejão. O público terá acesso ainda a um documento de venda de
escravos ao lado da quantidade de moedas de ouro que representava o seu valor
como mercadoria.
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