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Apesar das desigualdades persistirem, de 2000 a 2010, os
grupos mais vulneráveis (mulheres e negros) tiveram uma maior alta no Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) no Brasil. As informações são do relatório “Desenvolvimento
Humano para Além das Médias”, que traz o IDHM por cor, sexo e situação de
domicílio (urbano ou rural). No intervalo de uma década, a taxa de crescimento
anual do IDHM da população negra foi de 2,5%, ante 1,4% dos brancos, 1,9% das
mulheres e 1,8% dos homens.
Segundo o coordenador da INCT Políticas Públicas e
Desenvolvimento Territorial, do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea),
Marco Aurélio Costa, o balanço dos anos 2000 é bastante positivo, porque houve
uma redução das desigualdades, entretanto, em relação à 2010, há uma
permanência das desigualdades. “Especialmente na situação de domicílio, os
indicadores rurais são piores que os indicadores urbanos”, disse.
Costa informou ainda que, em relação a cor e sexo, a cor é
um conjunto de indicadores pior que o de gênero. “A diferença dos dados da
população negra para população branca é maior que a diferença de homens e
mulheres. Isso chama a atenção e coloca uma demanda para as políticas
públicas”, afirmou.
O objetivo do estudo é fornecer dados qualificados e
desagregados para o desenho de políticas públicas que avancem para uma
sociedade menos desigual. “Qualquer política adotada em nível federal, estadual
ou municipal precisa ter em conta que as estruturas da sociedade ainda são
desiguais, para não ampliar as desigualdades no próprio desenho da política que
está sendo proposta”, disse a coordenadora do Relatório Nacional de Desenvolvimento
Humano do escritório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(Pnud) no Brasil, Andrea Bolzon.
O estudo foi divulgado hoje (10) pelo Pnud, o Ipea e a
Fundação João Pinheiro (FJP). As informações são dos censos demográficos do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2000 e 2010 e
abrangem dados nacionais, das 27 unidades da Federação, de 20 regiões
metropolitanas e 111 municípios com mais de 228 mil habitantes.
O conjunto dos dados desagregados pode ser acessado na plataforma www.atlasbrasil.org.br.
O relatório Desenvolvimento Humano para Além das Médias está disponível nas
páginas do Ipea e do Pnud na internet.
Dados nacionais
“É mais desenvolvido quem vive mais, quem estuda mais e quem
ganha mais. Os dados mostram que os homens brancos que moram nas cidades
certamente têm os dados melhores que as mulheres negras que moram na zona
rural. Agora, teremos o trabalho de empilhar essa diferença que é abissal,
inaceitável e que precisa ser mudada no nosso país”, disse Andrea.
A diferença entre o IDHM de negros e brancos caiu pela
metade no intervalo de 2000 a 2010 – em 2000, o IDHM da população negra (0,530)
era 27,1% inferior ao da população branca (0,675), ao passo que, em 2010, o
IDHM dos negros (0,679) passou a ser 14,4% inferior ao dos brancos (0,777).
Quanto mais perto de 1, melhor o índice.
A análise dos dados revela um equilíbrio maior do IDHM de
mulheres e homens. Enquanto o índice delas era de 0,596 em 2000, passou para
0,720 em 2010. Os homens tinham um índice de 0,602 em 2000 e alcançaram 0,719
em 2010. Mesmo estudando mais e vivendo mais (sete anos, em média) que os
homens, em 2010 elas apresentaram renda média no trabalho 28% inferior à deles.
Enquanto as mulheres recebiam, em média, R$ 1.059,30, eles ganhavam cerca de R$
1.470,73 no mesmo ano.
Quando se analisa a situação de domicílio, a renda
domiciliar per capita média da população urbana em 2010 era quase três vezes
maior do que a da população rural: R$ 882,64 e R$ 312,74, respectivamente. A
escolaridade da população adulta revela um abismo, segundo o relatório: 60% da
população urbana com mais de 18 anos tinha, em 2010, o fundamental completo,
ante 26,5% da população rural. No mesmo período, a população urbana vivia em
média três anos a mais que a população rural: 74,5 anos contra 71,5.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida
resumida do progresso de um determinado grupo a longo prazo, em três dimensões
básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde. O objetivo da
criação do IDH foi o de oferecer um contraponto a outro indicador muito
utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a
dimensão econômica do desenvolvimento.
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