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As despesas extras de fim de ano se aproximam e as
perspectivas são de que a economia ainda não terá se recuperado em 2016. Por
isso, os brasileiros devem ter atenção para não exagerar nos gastos e começar o
ano com recursos equilibrados. Segundo economistas ouvidos pela Agência Brasil,
para não extrapolar o orçamento, a recomendação é a velha fórmula de colocar as
contas na ponta do lápis e planejar.
A economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito
(SPC-Brasil), Marcela Kawauti, explica que um erro comum na época de festas é
calcular apenas as despesas com o lazer. “Tem que tomar muito cuidado com isso.
Tem viagem, presente, ceia, roupa, só que janeiro também tem muitos gastos. Na
hora de fazer planos para o 13º e o salário desses dois meses, tem que levar em
consideração tudo, não só os gastos do Natal, Ano Novo e férias”, diz,
lembrando que despesas como material escolar, seguro do carro, IPTU e IPVA
costumam se concentrar no início do ano.
Ela destaca que a maioria das pessoas não tem o hábito de
fazer o planejamento financeiro. “As pessoas gastam muito tempo ganhando
dinheiro. Mas muita gente não gasta nem uma hora por semana olhando seu
planejamento”, comenta. Para quem está endividado, a recomendação da economista
é usar a renda extra do fim de ano para quitar as obrigações. “Em primeiro
lugar, essa pessoa deve fazer tudo para pagar. Seja com o 13°, cortando algum
gasto ou vendendo algum bem. Em segundo, precisa fazer uma análise boa da sua
vida financeira, revisar seus hábitos”, afirma.
Os que terminaram 2015 sem dívidas podem comemorar mais
tranquilos, mas, segundo Marcela, não estão livres da necessidade de rever
hábitos, ainda mais levando-se em conta a crise econômica. “Tem gente que fez
tudo direitinho, não tem dívidas. É o zero a zero. Mas a gente não considera
que gastar tudo que ganha é viver dentro do seu padrão. O ideal seria que todo
mundo fizesse uma reserva financeira. Vale aproveitar o fim do ano, esse
momento de renovação, e começar a poupar. O ano de 2016 também vai ser de
conjuntura difícil. Sempre pode haver um imprevisto”, alerta.
A vendedora Laís Augusto, 26 anos, afirma que o mais difícil
no planejamento de seus gastos são as compras por impulso. “Eu até tento
planejar, mas não consigo. Quando sobra dinheiro e aparece alguma coisa que
quero comprar, compro, mesmo sem necessidade. Se tem alguma urgência, preciso
recorrer à minha mãe ou à minha sogra para pegar dinheiro emprestado”, relata.
A vendedora conta que não consegue guardar dinheiro e vive no limite do
endividamento.
A auxiliar de cozinha Sami Caroline, 22 anos, é mais
organizada. Ela diz que planeja seu orçamento minuciosamente. “Anoto tudo que
preciso gastar no início do mês e só gasto com isso em mãos. Também pesquiso
bem antes de comprar as coisas. Isso faz com que eu consiga economizar um pouco
no fim do mês. Uma coisa que faço é jamais comprar para pagar depois. Compro
tudo à vista. É melhor juntar um dinheirinho e comprar pouca coisa do que se
endividar”, acredita.
No caso da estudante Michele Marques, 38 anos, o
planejamento mensal até acontece, mas os preços em alta têm atrapalhado o
cumprimento. “Eu planejo, vejo o que é mais importante, pesquiso os preços, mas
não dá para cumprir. Sempre aparece alguma coisa que precisa comprar e a gente
deixa de adquirir outras, porque o dinheiro é curto. Principalmente os itens
alimentícios estão cada vez mais caros”, reclama. Este ano, para não gastar
além das possibilidades, a família dela fará uma comemoração de Natal simples.
“Estamos planejando um Natal bem mais apertado, sem tanto luxo e com pouca
coisa, só mesmo para lembrar a data”, informou.
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