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O Ministério Público de São Paulo abriu nesta quinta-feira
um inquérito para investigação sobre "forte conteúdo erótico e de apelos
sexuais" em músicas e coreografias de crianças e adolescentes músicos. As informações são do portal IG.
A cantora de funk conhecida como MC Melody, de oito anos, é
um dos alvos da investigação, que suspeita de "violação ao direito ao
respeito e à dignidade de crianças/adolescentes". O caso está sendo
investigado pela Promotoria de Justiça de Defesa dos Interesses Difusos e
Coletivos da Infância e da Juventude da Capital.
Segundo uma das representações publicadas no inquérito, Mc
Melody "canta músicas obscenas, com alto teor sexual e faz poses
extremamente sensuais, bem como trabalha como vocalista musical em carreira
solo, dirigida por seu genitor".
Além dela, músicas e videoclipes de outros funkeiros-mirins
como MCs Princesa e Plebéia, MC 2K, Mc Bin Laden, Mc Brinquedo e Mc Pikachu
também são alvo da investigação do Ministério Público paulista.
A promotoria chama atenção para o "impacto nocivo no
desenvolvimento do público infantil e de adolescentes, tanto de quem se exibe
quanto daqueles que o acessam".
Petição
O inquérito, aberto pelo promotor Eduardo Dias de Souza
Ferreira, é resultado de denúncias e representações encaminhadas pela Ouvidoria
do Ministério Público e por cidadãos que pedem avaliação legal sobre a
exposição dos funkeiros mirins.
O caso da MC Melody, que chegou a ser o assunto mais
procurado por brasileiros no Google nesta quinta-feira (com mais de 50 mil
buscas), gerou uma petição no site Avaaz que pede "intervenção e
investigação de tutela" ao Conselho Tutelar de São Paulo.
O abaixo assinado alcançou mais de 23 mil assinaturas em
quatro dias. A menina já chegou a ter seu perfil retirado do Facebook após
denúncias de internautas sobre "sexualização" - ela aparece em fotos
com roupas curtas e decotadas, dançando em bailes funks e em vídeos caseiros.
No YouTube, dezenas de publicações feitas por anônimos
criticam a exposição da menina - cujos vídeos acumulam centenas de milhares de
visualizações no portal.
O pai de MC Melody - o também funkeiro MC Betinho - também é
citado pelo inquérito do Ministério Público, que afirma ser "dever da
família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com
absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”,
conforme dispõe o artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente".
A reportagem tentou contato com MC Betinho por telefone, mas
não obteve sucesso. Em entrevistas anteriores, o pai de MC Melody se defende
argumentando que existiria uma “perseguição ao funk” e que “não obriga sua
filha a fazer nada”.
"Ela canta e dança assim porque gosta", disse MC
Betinho. "Entendemos quem não gostou ou ficou ofendido e estamos mudando a
nossa postura por isso."
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