Há um ano internado, Guilherme Karan recebe a visita de amigos e se mantém lúcido

Há um ano internado no Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, Guilherme Karan mantém uma rotina povoada por lembran

Guilherme Karan com a diretora e amiga Tessy Callado Foto: Reprodução
Guilherme Karan com a diretora e amiga Tessy Callado Foto: Reprodução

Há um ano internado no Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, Guilherme Karan mantém uma rotina povoada por lembranças. O ator de 57 anos segue em seu tratamento para a síndrome de Machado- Joseph, uma doença degenerativa, cercado de memórias. As informações são do portal Extra.

Guilherme é mantido pelo pai, o almirante Alfredo Karan, em um apartamento dentro da unidade hospitalar, com tudo o que precisa. E por necessidade entenda-se sempre uma TV ligada. Há seis meses, o ator passou a aceitar a visita de alguns poucos amigos. Um ato de superação, dizem eles.

Entre estes amigos, está a atriz e diretora Tessy Callado, que andou capitaneando outros amigos do passado do ator. “Sou uma espécie de estandarte dessa história. Quando ele ainda estava na casa do pai, só eu podia subir para visitá-lo. E nossos encontros sempre foram de muita alegria. Jamais falamos sobre a doença dele”, conta ela, que da última vez em que esteve no hospital, há cerca de um mês, carregou a atriz Alice Borges: “Ele ficou tão feliz em vê-la, lembrou todos os espetáculos em que a viu, a primeira vez dela no palco. O que levamos para o Guilherme é a alegria de viver. Enquanto tanta gente está aí reclamando, existe alguém que luta para se manter feliz”.

Tessy conta que Guilherme fala com dificuldade, mas consegue balbuciar as palavras e é ajudado pelo fiel escudeiro Claudio, que trabalha há anos com a família. “Conversamos em inglês muitas vezes”, diz ela: “O Guilherme continua antenadíssimo, sabe de tudo o que acontece no planeta”.

A lucidez é, para o pai do ator, quase um agravante. “A doença faz perder movimentos, deglutição, fala, mas a cabeça permanece lúcida. É de cortar o coração saber que meu filho percebe o que ocorre com seu corpo”, desabafa ele, que incentiva as visitas: “Ele fica muito feliz quando o filho dele, Gustavo, vem de Florianópolis para visitá-lo. Vejo a emoção nos olhos dele”.

Para Tessy, a dor de Guiherme foi maior ao ver a mãe e dois irmãos partirem por conta da mesma doença: “Foi um sofrimento enorme. Ele deu uma baqueadinha quando o último irmão morreu. Mas jamais demonstrou que a doença dele próprio era um problema. O Guilherme guarda aquela alegria que o Brasil todo conhece”.

Aos poucos, ela espera poder levar mais gente na sua caravana. Tony Tornado é um dos antigos colegas que estão nessa fila. “O Tornado grava tudo o que vai ao ar sobre o Karan, e manda o DVD para ele. Tentou vê-lo várias vezes, mas ele não deixava”, observa.

Guilherme é dependente do pai, mas recebe um salário da TV Globo, onde trabalhou até fazer “América”, há dez anos. “É pelo reconhecimento do trabalho dele, de tudo o que ele fez lá”, avalia o pai: “Eu conto com Deus e minha fé. Tudo o que não queria é que meus filhos sofressem. Mas essa doença é minha sina”.

Entenda o caso

Guilherme herdou a doença da mãe, que repassou também aos outros três filhos. Dois morrerem, além da mãe, e uma irmã de Karan se mantém em uma cadeira de rodas.

A síndrome de Machado-Joseph é uma doença autossômica dominante, o que significa que ela é genética e hereditária, podendo ser transmitida pelo pai ou mãe. A doença é causada por uma mutação no gene do cromossomo 14, que gera uma proteína anormal (a ataxina 3) que se acumula dentro de algumas células do cérebro.

O diagnóstico é feito através de uma conversa com o paciente, onde é verificado se existe algum histórico da doença na família. Pode-se também realizar um teste genético para verificar a existência da síndrome. O tratamento é paliativo, ou seja, apesar de pesquisas, ainda não encontraram uma vacina ou tratamento que extermine a doença.

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