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O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto
Costa, disse em depoimento de delação premiada firmado com o Ministério Público
Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) em setembro do ano passado que recebeu
US$ 1,5 milhão do empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano,
"para não causar problemas" na reunião da estatal em foi aprovada a
compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. O acesso aos termos do
depoimento foi liberado pela Justiça Federal em Curitiba.
Costa relatou aos investigadores que foi procurado por
Fernando Baiano e aceitou receber o valor, que foi pago no exterior. Ele
acredita que a quantia tenha sido disponibilizada pela Astra Petróleo,
proprietária da refinaria. Segundo ele, havia boatos dentro da Petrobras
de que “o grupo de Cerveró, incluindo o PMDB e Baiano, tenha dividido algo
entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões, recebidos provavelmente da Astra”.
Sobre a relação com Fernando Baiano, Costa disse que viajou
com ele em 2007 ou 2008 para Liechtenstein, na Europa, e foram ao Vilartes
Bank, onde ele “acredita que os valores tenham sido depositados”. Na ocasião,
Costa disse que conheceu Diego, um “operador” do empresário que morava na
Suíça e vinha ao Brasil uma vez ao ano para cuidar das contas de Baiano.
O ex-diretor definiu Fernando Soares como lobista e
“uma pessoa bem articulada, tendo muitos contatos no mundo político e
empresarial”. Segundo Costa, ele é dono de uma cobertura de 1.200 metros
quadrados na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, uma casa nos Estados Unidos,
casas em Angra dos Reis (RJ), Trancoso (BA), além de uma lancha, ativos no
exterior e uma academia de ginástica. Paulo Roberto acredita que os bens estão
em nome de outra pessoa porque Soares “não teria como comprovar a origem dos
recursos para adquirir todos esses bens.”
Paulo Roberto Costa também confirmou que a “necessidade de
repasses para grupos políticos, especificamente PP e PT” também ocorria
na diretoria internacional, comandada na época por Nestor Cerveró. Nesse caso,
segundo o ex-diretor, Fernando Baiano atuava como operador que “cuidaria
de viabilizar a entrega de parte devida ao PMDB".
O delator também afirmou que a partir de 2008 ou 2009 a
cobrança de propina da Construtora Andrade Gutierrez passou a ser feita por
Fernando Baiano, não mais pelo doleiro Alberto Youssef.
Todos os partidos citados negam que tenha se beneficiado da
cobrança de propina na Petrobras.
Em julho, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a
devolução de US$ 792,3 milhões aos cofres da Petrobras pelos prejuízos causados
ao patrimônio da empresa com a compra da Refinaria de Pasadena.
O maior montante, de US$ 580,4 milhões, deverá ser devolvido
por membros da diretoria executiva da Petrobras, que aprovaram a ata de compra
da refinaria, entre eles o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli, além
de Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa.
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