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A casa da torcedora do Grêmio
Patrícia Moreira, flagrada gritando "macaco" ao goleiro Aranha, do
Santos, foi incendiada na madrugada desta sexta-feira (12), em Porto Alegre.
Vizinhos da jovem de 23 anos reclamam dos ataques no bairro onde ela vivia com
a família. Logo após o incidente no jogo Grêmio e Santos, no dia 28 de agosto,
o local já havia sido apredrejado. A casa estava vazia no momento do ataque.
Uma vizinha que pediu para não ser identificada diz ter visto um guarda-chuva em chamas no relógio de luz da residência no momento do incêndio. Ela foi levada à 14ª Delegacia de Polícia da capital para prestar depoimento.
Por volta das 5h, um vizinho ligou avisando um dos irmãos de Patrícia. O fogo se concentrou no porão, junto ao relógio de água, e também atingiu relógio de energia elétrica. A polícia aguarda a perícia no local.
"A vizinha foi levada para a DP para tomarmos o depoimento, ver se ela viu alguém. Preservamos o local e estamos aguardando a equipe do Instituto Geral de Perícias. Apenas o irmão dela, que é o dono da casa, entrou lá", afirmou o delegado Thiago Baldin aoG1.
A movimentação da polícia no local após o incidente atraiu curiosos e outros vizinhos na tarde desta sexta. A cozinheira Judite Souza dos Santos, de 60 anos, também mora perto da casa da torcedora e conta que conhece a família de Patrícia há 40 anos. Ela não viu o início do fogo.
"Estou muito nervosa com o que aconteceu. Fico até revoltada com tudo que estão fazendo com ela. Eu passei para ir no supermercado aqui em frente e estava todo mundo falando disso", relatou ao G1 a mulher.
A atendente Márcia Muller, de 40 anos, mora a uma quadra do local, mas conta só ter percebido o ocorrido com a movimentação da polícia.
"Estou impressionada com o modo como eles estão agindo. O que tem a casa a ver? Ela já está pagando pelo que fez. Vão fazer o que agora com ela? É uma ignorância. Ela não é racista, ela tem amigos próximos que são morenos", disse Márcia.
Segundo o advogado, o fogo começou por volta das 4h. Não havia ninguém na residência, que está fechada desde o incidente no jogo entre Grêmio e Santos, pela Copa do Brasil, no dia 28 de agosto. O Corpo de Bombeiros confirma que foi chamado, mas quando chegou ao local, na Zona Norte de Porto Alegre, o fogo já havia sido apagado pelos proprietários.
Já os irmãos de Patrícia contam que o fogo começou na frente da residência. Vizinhos perceberam as chamas por volta das 4h, e apagaram antes que pudessem atingir o interior da casa. Nos últimos dias, um dos irmãos disse ter ido ao local retirar os pertences da jovem. Populares jogaram pedras contra as paredes e gritaram “racista”, relatou.
Diante da repercussão do caso, Patrícia evitou dormir em casa nos últimos dias. Ela se refugiou em residências de parentes e amigos para evitar retaliação. Nem a mãe diz saber de seu paradeiro. Pedras foram jogadas em direção a sua casa.
Na última semana, Patrícia prestou depoimento à polícia e fez um pronunciamento à imprensa. Ela negou ser racista e pediu perdão ao goleiro Aranha.
"Eu quero pedir desculpas para o goleiro Aranha, desculpa mesmo, perdão de coração. Não sou racista. Aquela palavra macaco não foi racismo da minha parte. Não teve intenção racista. Foi no calor do jogo, o Grêmio tava perdendo. Peço desculpas pro Grêmio, para a nação tricolor, não queria nunca prejudicar o Grêmio. Desculpas para o Aranha. Perdão, perdão, perdão mesmo", declarou.
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