No início deste ano, os cinemas americanos foram surpreendidos com a excelente bilheteria de filmes definidos como faith-based, ou longas com temáticas de fé, que não são adaptações daBíblia, como a superprodução Noé, mas narram a vida de pessoas comuns que defendem suas crenças com histórias que possuem a meta de inspirar o espectador. Nessa leva está O Céu É de Verdade, que só nos Estados Unidos arrecadou mais de 90 milhões de dólares em bilheteria entre os meses de abril e maio, valor que fica atrás apenas da trilogia As Crônicas de Nárnia e do hit Paixão de Cristo no ranking dos filmes mais lucrativos da história com temática cristã.
A modesta produção ganhou verniz, claro, por causa de sua rentabilidade, e assim começou a fazer carreira internacional. No Brasil, ela chega nesta quinta-feira, 3 de julho.
Baseado no best-seller de mesmo nome, lançado no Brasil pela editora Thomas Nelson, o filme narra a história de Colton Burpo (interpretado Connor Corum), um garoto de 4 anos que, em 2003, passa por uma cirurgia de emergência para operar uma apendicite aguda. Em uma experiência de “quase morte”, o garoto sobrevive e diz que deixou seu corpo durante o procedimento médico e visitou o céu, onde encontrou Jesus, Maria, anjos e animais coloridos. Inicialmente, os pais do garoto não acreditam em seu relato, até que ele passa a falar sobre parentes mortos que até então eram assunto proibido dentro da família, como um bebê que sua mãe perdeu em uma gravidez mal-sucedida, e agora vive (e cresce) como uma criança normal no paraíso.
O roteiro faz o que pode para não cair no brega ou fantasioso, mas falha em alguns momentos, como na aparição de anjos reluzentes e nuvens em movimentos no altar de uma igreja. O perigo da cafonice é compensado pela boa construção da família principal, liderada pelo ator Greg Kinnear (Pequena Miss Sunshine), como o pai do garoto Todd Burpo e Kelly Reilly (O Voo), na pele da mãe, Sonja Burpo.
A condução da trama para prender os espectadores também é bem feita pelo cineasta Randall Wallace, indicado ao Oscar pelo roteiro de Coração Valente (1995), e diretor de produções como Fomos Heróis (2002) e O Homem da Máscara de Ferro (1998), três filmes que, cada um a seu modo, também apresentam uma mensagem de superação nas entrelinhas.
O público cristão, que ficou traumatizado ao ver Noé e suas alterações da Bíblia, não precisa se preocupar com este filme. Enquanto os que não acreditam em experiências sobrenaturais podem acompanhar a discussão de teorias que predomina boa parte do longa e se divertir com algumas tiradas do roteiro, mas sem esperar que suas crenças mudem ao final da história.