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Um novo tipo de ataque virtual tem surpreendido
internautas em diversos países, inclusive no Brasil. Momentos depois de iniciar
o sistema operacional do computador, uma mensagem de alerta, geralmente
assinada pelo governo, avisa o usuário que todas as funções do computador, bem
como os arquivos armazenados nele, estão bloqueados. A mensagem orienta o
usuário a pagar uma "taxa" para que seu computador seja desbloqueado.
Na hora do susto, muitos pagam, mas nem todos recuperam o acesso ao computador.
O chamado
"ransomware" entra em ação depois que o usuário instala um vírus no
computador, sem saber, quando clica em um link malicioso recebido por e-mail ou
ao acessar uma página de web infectada.
De acordo com a fabricante de
antivírus McAfee, o número de amostras de ransomware cresceu 43% no último
trimestre. No total, mais de 200 mil amostras deste tipo de malware foram
coletadas pela empresa no período. Isso representa quase o triplo de amostras
coletadas no mesmo período do ano passado.
"O alto crescimento no número de
amostras no último trimestre fez do ransomware uma das áreas de crescimento
mais rápido no cibercrime", dizem os analistas da McAfee, no relatório de
ameaças do terceiro trimestre.
O crescimento de ataques de
ransomware também foi notado pela Symantec em seu relatório de ameaças de
outubro. "Neste ano estamos vendo um crescimento na presença de
ransomware, não só em se tratando de números, mas também em termos da
incorporação de novas técnicas", escreveu Hon Lau, analista de resposta de
segurança da Symantec, no relatório.
Como
o ransomware funciona?
De acordo com a Symantec, fabricante
do antivírus Norton, é comum encontrar amostras de ransomware em banners
falsos de publicidade localizados em sites de pornografia. Ao clicar no
anúncio, o internauta baixa o vírus para seu computador sem saber. Depois de
recebido, o programa é iniciado em segundo plano, trava as funções do
computador e exibe a imagem com o aviso, para intimidar o usuário.
Este tipo de ameaça começou a surgir
na web ainda em 2009, principalmente na Rússia e países que adotam o idioma.
Somente na metade de 2011, os ataques começaram a se espalhar pela Europa e,
logo depois, pelos Estados Unidos. Com rapidez, este tipo de ataque ganhou mais
relevância entre os cibercriminosos.
Na
Europa, os cibercriminosos costumam exigir entre 50 euros e 100 euros durante
os ataques de ransomware. Nos EUA, as quantias chegam a US$ 200. Em geral, o
cibercriminoso define um prazo para o pagamento que, em geral, ocorre pela
internet. Contudo, é comum que, mesmo após o pagamento, o usuário não consiga
desbloquear o computador - somente após retirar o malware da máquina.
Estimativa da Symantec mostra que os
cibercriminosos alcançam taxa de sucesso de cerca de 3% com cada ataque. Após
analisar o servidor de uma única amostra de ransomware nos EUA, a empresa
estima que o cibercriminoso conseguiu infectar cerca de 68 mil computadores em
apenas um mês, o que pode ter lhe rendido cerca de US$ 394 mil.
Novos
tipos de sequestro
Segundo Lau, nas primeiras mensagens
de ransomware, os cibercriminosos usavam mensagens simples, que exigiam
dinheiro em troca do desbloqueio do computador. Em muitos casos, segundo a
Symantec, era comum que os ataques usassem uma tela de bloqueio com imagens
pornográficas, por exemplo, para obrigar o usuário a fazer o pagamento
rapidamente.
Atualmente, no entanto, os
cibercriminosos passaram a criar ransomwares específicos para cada país e
também com conteúdo que ameaça o usuário com base em possíveis crimes cometidos
por ele. Um dos casos nos EUA, por exemplo, é o uso de mensagens com o logotipo
do Federal Buereau of Investigation (FBI) com acusações de que o usuário baixou
músicas ou vídeos piratas e, por isso, seu computador foi bloqueado para uma
investigação do governo.
"Se as estatísticas estão certas
sobre a realidade, você pode ter certeza de que essa engenharia social
inspirada na aplicação da Lei tem grandes chances de funcionar, principalmente
quando combinada com outras técnicas, como bloqueio da tela", explica Lau,
no relatório da Symantec.
Em alguns novos
"sequestros" de computadores nos EUA, diz a Symantec, há ransomwares
que inclusive usam áudio para aumentar o impacto do ataque. Ao exibir a
mensagem falsa na tela do computador, o programa malicioso também reproduz uma
mensagem (em inglês): "Alerta do FBI: Seu computador está bloqueado por
conta de violação de uma Lei federal".
Português
e Espanhol
Segundo Fábio Assolini, analista sênior de malware da
fabricante de antivírus Kaspersky, os ataques de ransomware ainda são mais
comuns nos EUA e Europa. Contudo, a empresa já detectou ransomware nos idiomas
espanhol e português, o que pode indicar um avanço deste tipo de ataque à
América Latina em breve. "Os ataques ainda são simples, não explorar o bloqueio
de arquivos, como os ransomwares disseminados nos EUA e Europa", disse
Assolini, ao iG .
Até agora, a Kaspersky só encontrou
um vírus do tipo ransomware no Brasil, menos complexo do que os encontrados nos
EUA e Europa. Segundo Fábio, após instalado, o vírus mostra uma tela que acusa
a pessoa de usar uma cópia pirata do sistema operacional Windows, da Microsoft.
O ataque bloqueia o uso do navegador e sugere que o internauta compre uma
suposta cópia original do Windows por apenas R$ 19,90 - o preço da licença
original (Windows 7) é de R$ 329.
Para fazer o pagamento, o usuário é
levado para uma outra página onde precisa informar o cartão de crédito. No
final do processo, em vez de fazer download da versão original do Windows, o
usuário tem seu cartão de crédito clonado, mas nem fica sabendo disso. "Os
ataques que usam a ideia de pirataria de software não funcionam muito no
Brasil, porque o brasileiro não está disposto a pagar por este tipo de
produto", diz Assolini.
No relatório da Symantec, a empresa aponta
que, no primeiro trimestre de 2012, entre 2% e 5% dos ataques de ransomware
ocorreram no Brasil. Entre julho e setembro deste ano, a participação do Brasil
entre os ataques diminuiu para até 2%, principalmente por conta de pequenos
números de ataques que ocorreram em mais países. "O terceiro trimestre
mostra o avanço do vírus, com mais ataques na Europa, mas também mais ataques
nos EUA", dizem Gavin O'Gorman e Geoff McDonald, analistas da Symantec, no
relatório.
Como
evitar o sequestro do seu PC
Apesar de o Brasil ainda não estar na
mira dos cibercriminosos que sequestram computadores em busca de lucro rápido,
os internautas podem tomar algumas precauções para evitar que este tipo de
vírus (e muitos outros) infectem o computador. Confira abaixo algumas dicas:
- Evite clicar em anúncios em sites
que não são confiáveis;
- Mantenha o seu computador
atualizado com as versões mais recentes de Java, Adobe Flash, Acrobat Reader,
Windows e do navegador;
- Instale somente programas e
aplicativos desenvolvidos por empresas confiáveis;
- Adote um antivírus e mantenha-o
atualizado.
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