Com
o aumento da oferta de crédito no País, a Secretaria Nacional do Consumidor
(Senacon), do Ministério da Justiça, quer monitorar os custos efetivos das
operações financeiras e vai começar colocando uma lente de aumento sobre as
tarifas dos bancos.
"Queremos
verificar quanto, de fato, se cobra na ponta ao consumidor", afirmou a
secretária Juliana Pereira da Silva, que discutirá hoje com representantes do
Banco Central (BC) como se dará esse monitoramento.
A
ação será mais uma ofensiva do governo na área financeira. Brasília está
insatisfeita com o pequeno repasse da redução dos juros ao consumidor, com a
alta das tarifas cobradas pelos bancos e com as elevadas taxas de cartão de
crédito para clientes e lojistas. Para acirrar a concorrência no mercado, o
governo tem acionado os bancos públicos.
Esta
não é a primeira batalha da Secretaria Nacional do Consumidor em relação ao
setor. A secretaria esteve, junto com o Banco Central, por trás da unificação
dos nomes das tarifas bancárias, mas o avanço é considerado insuficiente para
que o consumidor compare os serviços oferecidos pelos diferentes bancos.
Hoje,
as instituições financeiras têm de contar ao BC qual o teto de tarifas cobrado
aos clientes. O problema, segundo a Senacon, é que a obrigatoriedade é insuficiente
para que correntistas saibam de antemão exatamente quanto vão pagar de
encargos.
A
avaliação é de que é preciso um detalhamento maior, unificado e transparente
dos serviços ofertados. O ideal seria poder fazer escolhas de tarifas como se
faz opções por compra de televisões, comparando marcas e lojas a partir de
parâmetros únicos como tecnologia (LED ou LCD) e número de polegadas.
'Bola
da vez'
A cobrança de abertura de crédito é considerada a "bola da vez", porque os consumidores têm ganhado ações na Justiça nesse âmbito. De acordo com o site do Banco Central, elas podem chegar a R$ 5 mil, mas não se sabe quanto o cliente paga, em média, por esse tipo de operação. Há relatos de pagamento de R$ 1 mil para essa operação embutida em financiamento de veículos, e que o consumidor nem se dá conta de que está pagando.
A
alta taxa de um serviço não é vista como um problema em si, pois cabe ao
consumidor optar por esse ou aquele estabelecimento na hora de contratá-lo. A
questão, enfatizou Juliana, é que o correntista tem de saber, antes de fechar
um negócio, quais são exatamente as taxas cobradas pelas instituições para que
possa fazer comparação e tomar sua decisão, o que nem sempre ocorre. "O
mercado tem liberdade, mas falta ao consumidor condições para fazer
comparações", disse.
As listas das maiores tarifas e taxas cobradas por banco pode ser acessada no site do BC.
A
Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que se pronunciará sobre o
assunto "oportunamente".