Se
os dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2011 indicam melhora
na qualidade nos primeiros anos do ensino fundamental, os resultados não são
animadores no ensino médio. Entre 2009 e 2011, o Ideb do ensino médio subiu
apenas 0,1 ponto, passando de 3,6 para 3,7. A meta nacional esperada para o
período foi atingida, mas em nove estados o índice piorou em relação à edição anterior.
O
ministro da Educação, Aloizio Mercadante, argumentou que “internacionalmente” o
ensino médio continua sendo um “grande desafio” para qualquer sistema
educacional. Ele defendeu que o currículo da etapa precisa ser reformulado
porque é muito sobrecarregado. Em algumas redes de ensino, o total de
disciplinas chega a 19. “É uma sobrecarga muito grande que não contribui para
você ter foco nas disciplinas essenciais, como língua portuguesa, matemática e
ciências”, disse.
Outro
problema do ensino médio, segundo Mercadante, é a falta de professores com
formação específica para algumas áreas, como matemática e ciências, além da
alta concentração de matrículas no turno noturno – 30% dos jovens do ensino
médio estudam à noite.
Vera
Masagão, coordenadora-geral da organização não governamental Ação Educativa,
aponta que o ensino médio é um nível subfinanciado. “A gente precisa de um
investimento muito forte em qualidade e não é à toa que a matrícula também está
aquém, poderia haver muito mais jovens matriculados no ensino médio que estão
fora da escola”, disse.
Mercadante
não quis comentar os resultados dos estados que tiveram Ideb inferior ao
registrado em 2009. “Uma mesma região tem estados e cidades que evoluíram muito
mais que outros. Há especificidades, a gestão na ponta. O professor na sala de
aula, o diretor da escola, o secretário municipal. Vamos olhar essa informação
e tentar tirar lições para avançar”, disse. O ministro aposta que a educação em
tempo integral pode ser uma “grande resposta” para melhorar a qualidade do
ensino.