Prata para o vôlei

Prata para o vôlei

Crédito: Daniel Ramalho/AGIF/COB
Crédito: Daniel Ramalho/AGIF/COB

A seleção brasileira de vôlei esteve muito perto de coroar com uma medalha de ouro o feito inédito de ser o primeiro time masculino a chegar a três finais olímpicas consecutivas. Mas no início deste domingo, 12 de agosto, foi derrotada pela Rússia por 3 a 2 (25/19, 25/20, 27/29, 25/22 e 9/15), na arena de Earls Court. Depois da medalha de ouro em Atenas 2004 e da prata em Pequim 2008, o segundo lugar nos Jogos Olímpicos Londres 2008, somado aos três títulos mundiais fazem da geração comandada por Bernadinho uma das mais vitoriosas da história do vôlei. 

 

Para o levantador Bruno, o time esteve bem e teve a chance de liquidar a partida. Mas se abalou por não ter conseguido. Com uma mudança tática do lado russo, os adversários envolveram o Brasil. "Os russos fizeram muito bem a mudança tática no terceiro set, quando o Muserskiy (31 pontos no jogo) foi improvisado como oposto. Ele foi muito bem, mas nós tivemos nossa chance e acabamos saindo do jogo depois do terceiro set. A gente não teve cabeça e lucidez para se manter na partida. Não tenho o que dizer, é a maior decepção da minha. Fica como consolo o fato de termos deixado uma boa base de jogadores para 2016 e talvez essa derrota possa ser uma boa lição. Precisamos absorver tudo o mais rápido possível", disse.

 

Com apenas uma derrota em cinco partidas, a seleção, que ficara numa modesta sexta colocação na Liga Mundial deste ano, a pior posição desde que Bernardinho assumiu o comando do time, em 2000, entrou em quadra com um espírito bem semelhante ao da vitória categórica sobre a Itália nas semifinais. No primeiro set, o Brasil abriu 5 a 1 em apenas três minutos, aproveitando-se da estratégia de combinar velocidade nas jogadas com uma agressividade no saque normalmente mais peculiar à Rússia. O time europeu sentiu e, com 12 minutos a vantagem já era 14 a 8, depois de um belo saque de Sidão que Ilinykh não conseguiu defender. Com um ace de Lucão, o placar foi para 18 a 12. Em dois contra-ataques de inteligência de Murilo, em que o jogador, “dono” de oito pontos no set, explorou o bloqueio russo, a seleção fez 22 a 14. O Brasil fechou o set num contra-ataque de Wallace.

 

Embora os russos tenham começado marcando dois pontos seguidos no segundo set, o Brasil precisou de seis minutos para abrir 8 a 4, num ace de Wallace. Sacando melhor e se aproveitando de erros do Brasil, a Rússia encostou em 16 a 15. Porém, a seleção respondeu  com um contra-ataque de Wallace e dois bloqueios seguidos (Murilo e Sidão), para chegar a 19 a 15. O placar foi para 21 a 17 num ponto em que o líbero Serginho fez duas defesas acrobáticas. Com outros dois pontos de bloqueio, um feito nada fácil levando-se em conta que a Rússia tem uma das maiores médias de altura da competição, a seleção fez 23 a 18. E Dante fechou num contra-ataque, usando o bloqueio montado a sua frente.

 

Houve mais equilíbrio no terceiro set, quando a Rússia foi para o tudo ou nada. Os dois times se perseguiram ponto a ponto até o Brasil abrir 13 a 10 em ataques de Wallace e Lucas. Ainda assim, os russos foram buscar o jogo e empataram em 15 a 15. O Brasil respondeu com um ace de Murilo e uma invasão de Muserskiy levou o placar a 18 a 15. A Rússia não se deu por vencida e encostou uma vez mais (22 a 21) e empatou num saque do experiente Tetyukhin. Wallace fez 23 a 22 num contra-ataque. Novo empate, e Lucas respondeu com um ataque de meio, indo para o saque. A Rússia salvou o match point mas logo viu Wallace criar outro para o Brasil. Novo salvamento, e um contra-ataque de Muserskiy deu à Rússia o primeiro de três set poins. Num bloqueio sobre Lucas, a parcial foi fechada, em 34 minutos.

 

Para o quarto set, Bernardinho trouxe o experiente capitão Giba, que passou a maior parte da competição no banco, para ajudar a melhorar o passe do Brasil e criar mais alternativas nas bolas de velocidade. Foi uma série nervosa, e a Rússia virou o primeiro tempo técnico com um ponto de vantagem (8 a 7) e abriu 12 a 10 num erro de ataque de Wallace, aumentando para 16 a 12 num erro de recepção de Giba. Com 18 a 13 no placar, Bernardinho substitutiu o capitão por Thiago, trazendo ainda o levantador Ricardinho para o lugar de Bruno. Mas a Rússia escapou ainda mais, abrindo 21 a 14. Em quatro passagens de Lucas no saque, o Brasil encostou em 22 a 19. Um bloqueio deu à Rússia três match-points e o set foi fechado em 28 minutos, num erro de saque de Murilo.

 

No tie-break, o primeiro de uma final masculina desde Atlanta 96, os russos começaram melhor, abrindo 9 a 4, num erro de ataque de Dante. E mantiveram a frieza para obter uma virada heróica. Para o treinador Bernardinho, deve-se louvar o jogo do adversário desta final. "Realmente nunca tínhamos visto o Muserskiy jogar onde jogou, fosse em partidas ou vídeos. Até então tínhamos neutralizado as principais armas da Rússia, mas se a gente analisar friamente, houve um domínio físico e tático. Uma pena que tivemos problemas com o Dante e infelizmente tínhamos também perdido o Vissotto (lesionado nas quartas-de-final). Isso minou a gente e um time como a Rússia começa a se soltar e jogar com muito mais confiança quando consegue ficar à frente. Porém, temos que valorizar o que foi feito aqui. Antes do torneio, não vi um único prognóstico mostrando a gente como candidato à medalha. Mostramos aqui que tínhamos condições de brigar. Mantendo a essência do time e do sistema, vamos continuar brigando. Por isso, acredito que o trabalho foi bem-sucedido."

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