O
Ministério Público de São Paulo denunciou na manhã desta quarta-feira, 9, 12
funcionários do parque Hopi Hari em função da morte da jovem Gabriela Yukari
Nishimura, de 14 anos, em 24 de fevereiro. De acordo com o Ministério, todos os
denunciados agiram com negligência. Entre os 12 nomes, está o do presidente do
parque, Armando Pereira Filho. A pasta informou que todos os notificados
(operários, supervisores, gerentes e administradores do parque) tinham por lei
a "obrigação de cuidado e vigilância". Estes teriam assumido a
responsabilidade de impedir a morte de Gabriela, visitante do complexo, mas
"omitiram, culposamente, esses deveres", de acordo com a denúncia
anunciada nesta manhã pelo Promotor de Justiça, Rogério Sanches Cunha.
Durante
a entrevista coletiva que anunciou as denúncias, foram apresentados os
resultados da perícia técnica na atração do parque, o brinquedo La Tour Eiffel,
que revelou uma série de irregularidades e todo o histórico da cadeira a qual
foi ocupada pela jovem no dia do acidente.
Conforme
informações presentes no inquérito do Ministério Público, a cadeira ocupada
pela jovem era a cadeira número 4 da seção 3. A atração La Tour Eiffel conta
com quatro seções, com quatro cadeiras em cada uma.
"No
dia 23 de fevereiro de 2012, véspera do acidente", ainda segundo dados
presentes no inquérito, "os denunciados Juliano Ambrósio e Adriano Souza,
juntamente com outros técnicos do parque, dirigiram-se até a Torre para
realizar a manutenção do brinquedo e ativar, novamente, a seção 1 - composta,
como as demais, de 4 assentos - para que, em breve, pudesse receber
visitantes".
"Para
tanto, tinham como tarefa montar as cadeiras e coletes da referida seção",
informou a perícia. "Durante o procedimento, os técnicos teriam percebido
que um assento da seção a ser liberada apresentava um dano. Desta forma, os
técnicos do Hopi Hari seguiram ordens do sênior Luiz Carlos, fugindo dos
padrões da empresa e reutilizaram o articulador da cadeira nº4 da seção 3
(inoperante há mais de 10 anos)."
"Durante o procedimento de troca", informou a pasta, "usando a chave mecânica localizada atrás do assento, Juliano e Adriano liberaram as travas do colete da cadeira perigosa e retiraram a peça a ser aproveitada."
A
tarefa só foi finalizada no dia seguinte, avaliou a perícia, antes da abertura
do Parque, "tendo os denunciados Juliano e Adriano esquecido de travar o
colete, que ficou solto. Essa falha, aliada ao histórico do brinquedo, foi
determinante para o trágico evento".
Ainda
conforme o inquérito, disponibilizado pela assessoria de imprensa do Ministério
Público, "deve ser relembrado que a cadeira ocupada por Gabriela estava
desativada há mais de 10 anos, razão pela qual seu colete de proteção não
funcionou e sequer era equipada com o cinto de segurança no assento. Em resumo,
os denunciados, cada qual de seu modo, concorreram, com manifesta negligência,
para a morte de Gabriela".