De coração renovado, Fabrício Carvalho quer ressurreição aos 33 anos na A-2

Volta por cima

Andradinense  faz coração: nova chance de reerguer a carreira promissora. Foto: Alessandro Bocchi/Divulgação
Andradinense faz coração: nova chance de reerguer a carreira promissora. Foto: Alessandro Bocchi/Divulgação

O atacante andradinense Fabrício Carvalho, 33 anos, sobe as escadas da Arena Fonte Luminosa. O jogo ainda não começou, mas já tem sabor de vitória para ele. Desde o afastamento dos gramados em fevereiro de 2005 por conta de uma arritmia cardíaca, o centroavante luta a cada temporada para entrar nos gramados. A chance na Ferroviária para a disputa da Série A2 do Campeonato Paulista 2012 é o novo capítulo em sua "ressurreição" no futebol. As informações são do Portal Terra.


Nascido em Andradina, Fabrício tentou na própria Ferroviária iniciar a carreira de jogador, mas foi reprovado pelo clube que justamente agora estende a mão. "Eu tinha 17 anos e não fui aprovado. São coisas do futebol, que acontecem com vários atletas. Essa experiência de volta por cima nesse momento tem sido muito boa", conta ao Terra.


A expressão "volta por cima" tem sentido para Fabrício. Os dois anos sem jogar (2005 e 2006) por supostos problemas cardíacos minaram a carreira de um centroavante que estava entre os melhores do País naquele momento. A partir do retorno pelo Goiás, em 2007, buscou seu melhor futebol por Portuguesa, Remo, Bragantino e mais recentemente Oeste de Itápolis. A nova oportunidade, mesmo que pela Série A2, é encarada como uma final de Copa do Mundo.


"Tenho muita experiência para contribuir. Voltar à primeira divisão é um objetivo sonhado, de uma equipe com muita tradição que já superou muitos obstáculos e pode chegar mais além". A propósito, sobre acesso, Fabrício Carvalho pode contribuir com a bagagem de quem esteve na promoção do Oeste à Série C em 2011. "Contribuí em alguns jogos, fiz gols. Agora espero fazer meu nome de novo aqui na Ferroviária".


A emoção de voltar a campo e o efeito Serginho

Fabrício admite que, mesmo cinco anos depois de sua volta aos gramados, entrar em campo ainda é um momento de grande emoção. "É um sentimento de muita alegria e meu maior gol é voltar a jogar futebol. Quando estava no Goiás e voltei a marcar (depois da pausa na carreira) na antiga Fonte Nova, contra o Bahia, foi um momento de êxtase total. Hoje, chutar a bola, estar nesse ambiente, já me deixa realizado".


Para ele, ter uma arritmia diagnosticada meses depois da morte de Serginho foi um preço grande, sobretudo porque estava no São Caetano. "(O meu caso) não foi tratado como deveria. Para muitos, foi um prato cheio e fui usado de forma triste. Fiquei um ano longe da imprensa e muitas pessoas fizeram sensacionalismo. Minha ficha de internação apareceu em jornal. Hoje, só quero jogar futebol".


Foi o cardiologista goiano Sérgio Rassi que, ao assinar laudo médico, permitiu o retorno de Fabrício aos gramados. "Ele me tratou como ser humano. Estava nisso havia 30 anos", diz com gratidão. Fabrício Carvalho desde então treina sem limitações e faz exames periódicos como qualquer outro atleta de alto rendimento.


"Meu coração está 100%, isso é tudo passado. É uma nova fase na minha vida, estou sonhando muito apesar dos 33 anos. Sou um sonhador, espero conquistar muita coisa. Tenho muita saúde, muita esperança, muita vontade. As alterações foram todas sanadas e hoje estou curado", afirma Fabrício, convicto.


Hoje na Ferroviária, ele também usa a experiência de vida em outras frentes, como dar palestras, e pretende até escrever livro. "Passei por essa situação dolorosa no auge da minha carreira. E hoje tenho que transmitir algo que passei, isso serve para muita gente. Sou um apaixonado pela vida, não me acomodei, não aceitei aquilo e superei com fé. Muita gente vai se sentir fortalecido com a minha história".


Entenda o caso de Fabrício Carvalho

No início de 2005 e meses depois da morte de Serginho, Fabrício Carvalho foi afastado dos gramados porque o São Caetano desistiu de colocá-lo em campo ao constatar arritmia cardíaca em exames. Por dois anos, Fabrício buscou um cardiologista que pudesse autorizar sua volta aos gramados. Sérgio Rassi, médico goiano, assinou o laudo em 2007.

 

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