Com 55 áreas invadidas
desde o início do mês, o Estado de São Paulo virou o principal alvo do
"abril vermelho", a jornada nacional de lutas do Movimento dos
Sem-Terra (MST) pela reforma agrária. É a primeira onda de invasões no governo
da presidente Dilma Rousseff e o total de ações já supera o registrado nos seis
últimos anos do governo Lula. Em número de invasões, São Paulo ultrapassou a
Bahia, Estado que concentrou as ações no início do mês, com 40 áreas invadidas.
O grupo liderado por José Rainha Júnior,
dissidente do MST, reivindicou, em nota, a ocupação de 53 fazendas desde o
início de abril no oeste paulista. Dessas, 16 áreas já foram desocupadas, segundo
as lideranças. Na manhã desta segunda-feira, 150 integrantes do MST invadiram a
unidade avançada do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)
em Andradina. Funcionários da BK Consultoria, empresa contratada pelo Incra
para prestar assistência aos assentados, foram impedidos de entrar em serviço.
O grupo já deixou o local.
De acordo com Lourival Plácido de Paula, da direção estadual, o governo
federal reduziu os recursos para os assentamentos. Já o grupo de Rainha invadiu
outras quatro propriedades, entre a tarde de ontem e a manhã de hoje, no Pontal
do Paranapanema e na Alta Paulista. Ontem, a Polícia Militar apreendeu uma
espingarda calibre 40 e dois revólveres na fazenda Santa Cecília, invadida pelo
MST em Euclides da Cunha Paulista, no Pontal. O capataz da fazenda e outros
dois funcionários foram presos em flagrante.
A União Democrática Ruralista (UDR) pôs advogados à disposição dos
acusados. De acordo com o presidente Luiz Antonio Nabhan Garcia, as armas são
de calibres permitidos. "O cidadão tem o direito de se defender, mas
dentro da legalidade", afirmou. Segundo ele, os produtores rurais sofrem
invasões há quase 30 anos e muitos estão em situação de desespero. "Nosso
temor é de que aconteça uma tragédia."
A Procuradoria do Estado entrou com ação de reintegração de posse na
Justiça com pedido de liminar para retirar os 150 invasores do MST que desde
sábado ocupam a Estação Experimental de Itapetininga, com 6,7 mil hectares.
A área de proteção ambiental, administrada pelo Instituto Florestal, órgão
da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, abriga viveiros e bancos de sementes
de espécies nativas, além de florestas de pinus com extração de resina. Os 120
funcionários não puderam ter acesso aos postos de trabalho. No local, há
tanques com produtos tóxicos usados no tratamento de madeira. O MST quer a
destinação das terras para a reforma agrária.