Apenas uma entre 17 ocorrências de racismo vira ação penal no Brasil

Apenas uma entre 17 ocorrências de racismo vira ação penal no Brasil

Apenas uma entre 17 ocorrências de racismo vira ação penal no Brasil -
Gostou da notícia? Compartilhe com seus amigos!
📢 Compartilhe no WhatsApp 🚀
Continua após os destaques >>
De cada 17 ocorrências de racismo no Brasil, apenas uma se torna ação penal, revela estudo de Ivair Augusto dos Santos, militante do movimento negro e assessor da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.

O assessor analisou processos e sentenças judiciais em 18 capitais do país para a elaboração de sua tese de doutorado em sociologia na UnB (Universidade de Brasília), baseado na pesquisa de Seth Racusen, cientista político norte-americano, realizada em 2003.

Santos constatou que em quase sete anos o cenário não se modificou e que a maioria dos casos não dá em nada. “Em dois anos e meio, o Rio de Janeiro teve 6.208 processos em tramitação. A maioria, contudo, não foi enquadrada como crime”.

Para ele, esta situação se deve a policiais e delegados que desaconselham a vítima a prestar queixa, alegando que este tipo de fato não seria tão grave. O advogado Nelson Lacerda, que já defendeu dois empresários acusados de injúria preconceituosa, atribui à legislação anterior a baixa incidência de processos.

Em 29 de setembro deste ano, entrou em vigor a lei 12.033, que dispensa a necessidade de um advogado para formular uma representação contra o seu ofensor. "Você poderia perdoar a pessoa no meio do caminho ou haver a retratação, mas agora o Ministério Público tem obrigação de levar até o final, mesmo que a pessoa que abriu o processo não queira mais", relata o advogado.

Lacerda comenta que seus dois clientes demonstraram racismo em público, um em um hotel e outro dentro de uma empresa. Ambos conseguiram se livrar da pena após pagarem uma "alta indenização" e as vítimas retirarem as queixas.

Racismo x injúria

O advogado Nelson Lacerda afirma que são comuns demonstrações de racismo no Brasil, mas diz que há uma diferença entre crime racial e injúria preconceituosa.

"O crime de racismo é contra a etnia, a comunidade inteira, como, por exemplo, restringir a entrada de negros em um estabelecimento. A pena é de três a cinco anos de prisão e é inafiançável. A injúria preconceituosa usa referências à cor, raça e religião para ofender individualmente. A pena é de seis meses de reclusão e é inafiançável, mas o juiz pode liberar o pagamento de fiança".

A injúria é uma justificativa bastante utilizada por advogados de defesa. Isso é criticado por militantes, que acreditam que esta seria uma manobra para que o acusado não seja punido. "O advogado diz que é injúria e que o acusado só quis ofender. A dificuldade de se provar um crime racial é por causa da falsa ideia de que não existe racismo no Brasil", diz Santos, que é negro.

Questionado se já foi discriminado ao longo da vida, o sociólogo é enfático: “Não teve um único dia que eu não tenha sofrido preconceito. A todo instante você está sujeito a isso”, declara.

Mais Destaques >>

📢 Leia mais notícias em

AndraVirtual 🔗

📲 Acompanhe nas redes sociais

Veja mais >>

Últimos Destaques

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Para otimizar sua experiência durante a navegação, fazemos uso de cookies. Ao continuar no site, consideramos que você está de acordo com nossa Política de Privacidade

close