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Um dia após ser empossada como presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), a ministra Cármen Lúcia convocou para hoje (13) uma
reunião com todos os governadores para afirmar que deseja realizar uma
conciliação na guerra fiscal entre os estados.
Na presença de governadores de 24 estados e do Distrito
Federal – não compareceram os governadores de Rondônia, Confúcio Moura, e do Espírito
Santo, Paulo Hartung –, Cármen Lúcia disse que deseja "promover uma
justiça restaurativa, para reduzir conflitos".
Hoje, tramitam no STF mais de 200 ações de cobrança fiscal
entre estados, sobretudo de dívidas relacionadas ao Imposto sobre a Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS).
A presidente do STF também afirmou que deseja promover uma
força-tarefa junto aos judiciários e ministérios públicos estaduais para
executar o imenso número de decisões relacionadas às dívidas ativas - impostos
devidos por contribuintes cujo pagamento já foi determinado pela Justiça, e que
“somam R$ 2 trilhões”, segundo o governador de Goiás, Marconi Perillo.
“Sobre esses litígios todos, ela vai nos informar sobre os
prazos que ela vai dar, ela vai se reunir com o Conselho Nacional de Justiça
(CNJ). Ela disse que não quer ficar com conversa mole, com conversa fiada, mas
resolver as coisas no tempo e na hora certa”, disse Perillo ao sair da
reunião.
A presidente do STF disse que pretende se encontrar com os
governadores a cada 60 dias. Na tarde desta terça-feira, ela tem reunião
marcada com os presidentes dos tribunais de justiça estaduais.
Pacto Federativo
Cada um dos governadores teve oportunidade de falar, e o
pedido comum entre todos, segundo os presentes, foi o de que o STF tenha papel
ativo na discussão sobre mudanças no Pacto Federativo.
Governadores de algumas regiões reclamam que desonerações e
contingenciamentos fiscais anunciados pelo governo federal resultam em impactos
econômicos diferenciados nos estados.
“Acho que o papel do STF é justamente esse [debater o
pacto]. Não é possível que nós tenhamos desoneração da linha branca e de
veículos que melhoram a industrialização do Sul e Sudeste em detrimento dos
estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que têm diminuição de repasses do
Fundo de Participação dos Estados”, disse o governador do Mato Grosso, Pedro
Taques, durante o encontro. “Isso não é uma federação, isso é uma piada”,
acrescentou.
Um dos pontos de preocupação é, por exemplo, a renegociação
da dívida dos estados com a União. Em julho, o Supremo suspendeu os efeitos de
decisões liminares que interrompiam o pagamento até o julgamento final da
matéria, após o governo federal anunciar um acordo com os governos estaduais.
Mas a renegociação, cujo projeto de lei encontra-se no
Senado após ter sido aprovado na Câmara, é considerada desigual por
governadores do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que alegam ser submetidos a
limites de gastos e endividamentos desproporcionais diante do tamanho de suas
dívidas, bem menores do que as de estados do Sul e Sudeste.
Outros temas
Diversos outros temas foram abordados na reunião. Os
governadores pediram também que o STF estude maneiras de reduzir a judicialização
de gastos com a saúde, diante de decisões liminares que obrigam estados a
realizarem despesas imediatas com tratamentos raros e caros, sem que haja
previsão de recursos para tal.
Outro assunto abordado foi a segurança pública. Os
governadores pedem que Cármen Lúcia atue, junto ao Executivo, pela liberação de
recursos do Fundo Nacional de Penitenciárias, que estão contingenciados. A
ministra pleiteou aos governantes que, uma vez liberado o dinheiro, parte seja
aplicada na construção de uma rede de proteção para presas grávidas, de modo
que possam dar à luz de forma digna.
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