Continua após os destaques >>
A força-tarefa da Operação Lava Jato informou hoje (2) que
colheu provas documentais de que a construtora Queiroz Galvão destinou ao menos
R$ 10 milhões em pagamentos ilegais para funcionários de alto escalão das
diretorias de Serviços e Abastecimento da Petrobras entre 2010 e 2013, com o
objetivo de firmar contratos e obter vantagens indevidas junto à petroleira
estatal.
A cifra total de repasses ilegais a funcionários da estatal
e a partidos políticos, contudo, pode ser muito maior, de acordo com a Polícia
Federal. O doleiro Alberto Yousseff revelou aos investigadores ter tido acesso
a um balanço do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa em
que constava uma dívida de R$ 37 milhões ligada à construtora Queiroz Galvão.
Um outro balanço contábil relacionado a propinas, dessa vez
encontrado em um aparelho pessoal do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato
Duque, também lista movimentações da empreiteira com envolvidos no esquema ao
longo dos anos que chegam a R$ 24 milhões, segundo a PF.
Os integrantes da força-tarefa afirmaram que a atuação
ilegal da Queiroz Galvão envolveu todas as modalidades de contravenções
investigadas no âmbito da Lava Jato. “A Queiroz tem uma peculiaridade, ela
representa todos os pecados, todas as espécies de crimes que nós verificamos na
Operação Lava Jato”, disse o procurador da República Carlos Fernando dos Santos
Lima, em Curitiba, em entrevista sobre a 33ª Operação da Lava Jato, deflagrada
nesta terça-feira.
Além do repasse direto de propina a funcionários da estatal,
a empreiteira repassou dinheiro a políticos e partidos por meio de caixa 2 de
campanha e utilizou ainda doações legais de campanha como meio de pagamento de
vantagens indevidas a partidos, informou a força-tarefa.
Segundo as investigações, ao menos R$ 7,5 milhões em doações
legais de campanha se tratavam, na verdade, de vantagens indevidas em troca de
contratos com a Petrobras. Os principais partidos envolvidos no esquema ao
longo dos anos foram PP, PT e PSDB. Ao menos três parlamentares foram
beneficiados indevidamente, segundo o MPF, que não divulgou nomes. Há indícios
de que R$ 2,4 milhões tenham sido destinados à campanha de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
A assessoria de imprensa do PT, em Brasília, informou que o
partido ainda não se manifestou sobre o assunto.
Procurada, a Queiroz Galvão disse que "a empresa está
cooperando com as autoridades e franqueando acesso às informações
solicitadas".
Presos
Na 33ª fase da Lava Jato, deflagrada hoje (2), a PF prendeu
preventivamente os ex-executivos da Queiroz Galvão Othon Zanoide e Idelfonso
Colares. Um mandado de prisão temporária continua pendente, contra Marco
Pereira Reis, ex-executivo do consórcio Quip, cuja participação majoritária é da
Queiroz Galvão.
São investigados contratos para obras no Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro e nas refinarias de Abreu e Lima (PE), do Vale
do Paraíba (SP), Landulpho Alves (BA) e de Duque de Caxias (RJ). A Queiroz
Galvão é a empreiteira com o terceiro maior volume de contratos com a
Petrobras, de mais de R$ 20 bilhões.
O investigadores apuram ainda o esquema de lavagem de
dinheiro por meio de contas no exterior mantidas pelo consórcio Quip, formado
também pelas empresas UTC Engenharia e Iesa. O consórcio foi responsável pela
construção e reforma de plataformas de exploração de petróleo como a P-55 e
P-53.
CPI no Senado
Os investigadores informaram também haver fortes indícios de
que outros R$ 10 milhões foram pagos pela Queiroz Galvão, provavelmente a parlamentares,
para que executivos da empresa não fossem convocados a depor na Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras no Senado, em 2009.
A comissão foi criada para investigar irregularidades na
construção da Refinaria de Abreu e Lima e na venda de uma refinaria na Bolívia
por preço abaixo do mercado. O relatório final,redigido pelo senador Romero Jucá
(PMDB-RR), isentou a Petrobras de irregularidades e não apontou responsáveis
por contravenções. À época, parlamentares do DEM e PSDB criticaram o ritmo
célere imposto aos trabalhos do colegiado.
Em abril, o ex-senador Gim Argello, que era vice-presidente
da CPI da Petrobras, foi preso na 28ª fase da Lava Jato. Ele foi acusado de
receber pagamentos em dinheiro, por meio inclusive de uma igreja do Distrito
Federal, para evitar a convocação de executivos na comissão. Argello fechou
acordo de delação premiada com a Justiça poucos dias após sua prisão.
O juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato na Justiça
Federal, aceitou, em maio, denúncia do MPF contra Argello e outros oito
executivos das empresas Engevix e OAS, relacionada à obstrução da CPI da
Petrobras.
Destaques >>
Leia mais notícias em andravirtual
Curta nossa página no Facebook
Siga no Instagram