Continua após os destaques >>
Pesquisa que mapeou escolas brasileiras e estrangeiras
mostra que o ensino integral no ensino médio ajuda a superar as desigualdades
em questões como inclusão social, autonomia, etnia, raça, gênero e sexualidade.
O estudo foi divulgado hoje (2), na capital paulista, durante o Seminário
Internacional Educação Integral e Ensino Médio: Desafios e Perspectivas na
Garantia da Equidade, promovido pelo Centro de Referências em Educação
Integral, Instituto Unibanco e Cidade Escola Aprendiz.
Foram selecionadas 29 escolas (12 delas estrangeiras), que
se destacaram pela qualidade na educação ao vencer prêmios ou por indicação de
secretarias municipais e estaduais de educação. Os pesquisadores escolheram
instituições de países como Estados Unidos, Afeganistão, Peru e Argentina.
“São países que têm um tipo de trajetória muito semelhante à
nossa, que têm com necessidade de reafirmar a integralidade da educação, mas
que ainda não conseguiram fechar a equação do desenvolvimento integral”, disse
Julia Dietrich, gestora do Programa Centro de Referências em Educação Integral.
Desenvolvimento integral
Julia afirmou que o ensino integral não significa apenas a
ampliação do tempo do aluno dentro do ambiente escolar e tem a ver com o
desenvolvimento do indivíduo em suas múltiplas dimensões (física, intelectual,
emocional e social).
“Todo projeto político-pedagógico de escolas no Brasil quer
formar cidadãos críticos, cientes do seu papel no mundo, capazes de transformar
as suas realidades. O que a escola faz, na verdade, é inviabilizar esse
processo. Cria cidadãos apáticos, fechados, com uma prioridade conteudista e
não com uma abordagem do tipo: para que serve determinado conteúdo? O que a
gente quer com isso?”.
Ângela Meirelles de Oliveira, doutora em história e
pesquisadora da USP, que também atuou na pesquisa, disse que o ensino vem sendo
relacionado erroneamente à instrução no Brasil. “A gente tem que reforçar que a
educação precisa lidar com o sujeito como um todo. Não pode só instruir um ser
que não esteja minimamente protegido. Sem fome, sem preconceito ou não tendo
sua integridade respeitada”, explica.
Escola sem partido
Para Ângela, a proposta defendida por setores da sociedade
de escola sem partido representa uma falácia. “A gente sabe que ninguém quer
doutrinação na educação, mas eles estão usando esse texto genérico para
escamotear uma tentativa grave de controlar a fala de docentes. O grande
estopim foi o que eles chamam equivocadamente da ideologia de gênero, o que não
existe. O texto da lei abre para numerosos equívocos que acaba com a liberdade
de opinião, com a própria noção de educação. Eles defendem que professor não é
educador, um absurdo”, disse.
A partir das conclusões do estudo, foram elaboradas 92
recomendações para as escolas interessadas em introduzir o ensino integral.
Além de derrubar preconceitos, os pesquisadores recomendam o fortalecimento da
autonomia do estudante, a possibilidade de intervir no seu próprio currículo
escolar, nas decisões da escola e a promoção da diversidade.
Destaques >>
Leia mais notícias em andravirtual
Curta nossa página no Facebook
Siga no Instagram