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Com 52% dos votos a favor, o Reino Unido decide deixar a
União Europeia (UE) após 43 anos de participação. O resultado do referendo
realizado nessa quinta-feira (23) foi divulgado nas primeiras horas da manhã de
hoje (24).
Em declaração ao país, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou a
sua demissão. Ele deve deixar o cargo em outubro. Cameron sempre se posicionou
favoravelmente à permanência do Reino Unido na UE e, durante os meses que
antecederam o referendo, afirmou que o Brexit - união das palavras Britain
(Grã-Bretanha) e exit (saída, em inglês) - poderia trazer graves consequências
econômicas para o país.
"O povo britânico votou para deixar a União Europeia, e sua vontade deve
ser respeitada. A vontade do povo britânico é uma instrução que deve ser
entregue. Será necessária uma liderança forte e empenhada”, disse David
Cameron, ressaltando que outra pessoa deve liderar o processo de transição.
A taxa de participação no referendo foi de 71,8%, a maior em
votações no Reino Unido desde 1992.
Nigel Farage, líder do partido Ukip e defensor do Brexit,
afirmou ser o "dia da independência" do Reino Unido.
A Inglaterra e País de Gales votaram fortemente a favor da
saída, enquanto cidadãos da Escócia e da Irlanda do Norte optaram pela
permanência no bloco. Em Londres, 60% dos votos foram pela permanência na UE.
No entanto, em todas as outras regiões da Inglaterra, a maioria votou pela
saída.
O Reino Unido é o primeiro país a sair da União Europeia
desde a sua criação, mas a decisão não significa que ele deixará imediatamente
de ser membro da UE. Esse processo pode demorar dois anos, de acordo com o
Tratado de Lisboa.
“Os tratados deixam de ser aplicáveis ao Estado em causa a
partir da data de entrada em vigor do acordo de saída ou, na falta deste, dois
anos após a notificação, a menos que o Conselho Europeu, com o acordo do
Estado-Membro em causa, decida, por unanimidade, prorrogar esse prazo”, diz o
Artigo 50 do Tratado de Lisboa.
Após o resultado do referendo, a libra caiu para o nível
mais baixo em relação ao dólar desde 1985. Em declaração hoje de manhã, Mark
Carney, o governador do Banco da Inglaterra, prometeu a liquidez necessária às
instituições para que a crise política que começa agora, com a saída de David
Cameron, não se torne uma crise financeira. Carney garante que há 250 bilhões
de libras em fundos para assegurar o funcionamento dos mercados.
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