O Ministério Público Federal denunciou hoje (5) o ex-senador
Gim Argello (PTB-DF) e o empreiteiro Marcelo Odebrecht, além de Ricardo Pessoa,
dono da construtora UTC, e Léo Pinheiro, presidente da empreiteira OAS, todos
por corrupção.
A força-tarefa da Operação Lava Jato denunciou também mais
16 pessoas, como o publicitário Marcos Valério, condenado no mensalão, e o
empresário Ronan Maria Pinto, dono do jornal Diário do Grande ABC.
De acordo com o Ministério Público, os acusados cometeram
crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, organização criminosa
e obstrução à investigação.
Os procuradores pedem o confisco de R$ 7,5 milhões e 200 mil
euros, além da aplicação de multa de R$ 70 milhões, correspondente ao dobro do
total de propina. Segundo o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da
força-tarefa, o valor envolvido na corrupção das duas acusações de hoje é R$ 30
milhões.
Petrobras
A denúncia contra Gim Argello, Marcelo Odebrecht, Ricardo
Pessoa e Léo Pinheiro aponta que o ex-senador, em parceria com dirigentes das
empreiteiras envolvidas no esquema corrupção na Petrobras, acertaram vantagens
indevidas.
Entre os meses de abril e dezembro de 2014, houve pagamento
de propina para obstruir os trabalhos das comissões parlamentares de inquérito
instauradas (CPIs) no Senado e na Câmara dos Deputados.
As CPIs foram abertas para apurar atos ilícitos cometidos
contra a petroleira e, conforme se constatou, houve o acerto de pagamento de
propina para evitar a convocação de empreiteiros para prestarem depoimento.
Argello era membro da CPI do Senado e vice-presidente da
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, formada por deputados e senadores. A
ideia era cobrar R$ 5 milhões de cada uma das empreiteiras envolvidas.
As investigações apontaram o acerto com quatro empreiteiras:
UTC, OAS, Toyo Setal e Odebrecht. Argello pediu propina também às empresas
Andrade Gutierrez, Engevix e Camargo Côrrea, que não aceitaram o pedido.
A denúncia envolve Gim Argello e seu filho Jorge Afonso
Argello Junior; Paulo Cesar Roxo Ramos, Valério Neves Campos e José Adelmário
Pinheiro Filho (Léo Pinheiro); Roberto Zardi Ferreira, Dilson Cerqueira de
Paiva Filho e Ricardo Ribeiro Pessoa; Walmir Pinheiro Santana, Marcelo Bahia
Odebrecht e Claudio Melo Filho.
Diário do Grande ABC
O dono do jornal Diário do Grande ABC, Ronan Maria
Pinto, responderá por lavagem de dinheiro. A denúncia envolve R$ 6 milhões,
provenientes de um empréstimo fraudulento no Banco Schahin.
O valor representa a metade do total de R$ 12 milhões
repassados pela instituição financeira a José Carlos Bumlai, que seria o
interlocutor do Partido dos Trabalhadores (PT), em outubro de 2004.
O empréstimo foi alvo de acusação feita pelo MPF em dezembro
do ano passado. A denúncia apresentada agora é um desdobramento dos fatos
apurados naquela época.
De acordo com as investigações, foi constatado que os R$ 6
milhões foram destinados a Ronan Maria Pinto. Para entregar o dinheiro, foi
estruturado um esquema criminoso que, entre os meses de outubro e novembro de
2004, contou com a participação de pessoas ligadas ao PT e terceiros envolvidos
na operação de lavagem do dinheiro.
Além de Ronan Maria Pinto, estão na segunda denúncia Sandro Tordin, Marcos Valério Fernandes de Souza e Enivaldo Quadrado; Luiz Carlos Casante, Breno Altman e Natalino Bertin; Oswaldo Rodrigues Vieira Filho e Delúbio Soares de Castro.