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Atualmente, as mulheres ocupam apenas 13,5% dos cargos nas
câmaras municipais e 12% das prefeituras de todo o país, revelou levantamento
da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM). Em números absolutos, são 7.782
mulheres vereadoras. Os homens, que ocupam 86,5% das vagas, somam 49.825.
Entre as eleições de 2008 e 2012, o número de candidaturas
femininas para as 5.568 câmaras municipais saltou de 72.476 para 133.864,
crescimento de 84,5%. No entanto, esse aumento não fez com que mais mulheres se
tornassem vereadoras. Em 2008, 8,9% das concorrentes se elegeram para as
câmaras municipais. Em 2012, o percentual caiu para 5,7%.
No caso das prefeituras, em 2012 foram 672 candidatas
eleitas, aumento de 33% em relação à eleição de 2008, quando foram eleitas 504
prefeitas. Isso representa 9,12% do total de candidatos às prefeituras no país.
No Congresso Nacional, a participação das mulheres também é
baixa. No Senado, a representação feminina atualmente não chega a 15% dos
cargos. Já na Câmara dos Deputados, elas ocupam apenas 10% das cadeiras.
A secretária de Articulação Institucional e Ações Temáticas
da SPM, Rosali Scalabrin, defende que a igualdade na política não é apenas uma
questão de cotas ou de equidade de gênero. “É impossível ter, verdadeiramente,
uma democracia sem a representação dos vários segmentos da sociedade. O
segmento dos negros, indígenas, das pessoas com deficiência mas, sobretudo, das
mulheres, que são mais de 50% da população, não está representado”, diz.
Barradas no poder
Para Fátima Pacheco Jordão, socióloga e conselheira do
Instituto Patrícia Galvão, o grande problema em relação à baixa participação
feminina na esfera política é que elas são barradas nos espaços de poder.
“A mulher tem grande representatividade em outros espaços,
como a educação. Além de serem mais escolarizadas, têm profissões qualificadas
na área da saúde, de pesquisas científicas e médicas. Mas elas não têm papel
onde existe poder. Os mecanismos de construção de poder, sobretudo político, é
nos partidos”, explica a socióloga.
Para Scalabrin, as pautas referentes aos direitos das
mulheres não apenas deixam de ser aprovadas como têm sofrido ameaças de
retrocesso no Congresso. Segundo ela, a política brasileira é majoritariamente
masculina, branca e defensora dos interesses da elite econômica, não os da
população em geral.
Em relação às demandas da sociedade, Fátima Jordão afirma
que, desde a década de 1970, quando começaram a ganhar força os ideais em
defesa do meio ambiente, do feminismo e contra o racismo, sempre foram os
movimentos sociais que abrigaram esses temas.
“Esses assuntos nunca foram tratados pelos partidos, eram
lutas extrapolíticas. Eles [os partidos] mantiveram a percepção de que o
problema da vida das pessoas não é político. Hoje, não apenas no Brasil, eles
não representam a população. Se perguntadas sobre simpatia partidária, 70% das
pessoas dizem não ter a menor simpatia por partidos”, afirma Fátima.
Scalabrin avalia que essa sub-representação se deve, entre
outras razões, à divisão sexual do trabalho. “[Essa divisão] sobrecarrega as
mulheres, que tem menos tempo porque têm dupla jornada. Ou seja, apesar de
terem trabalho remunerado, continuam com as atribuições da esfera doméstica,
reprodutiva. Essa tarefa não foi dividida [com os homens]. A mulher continua
com sobrecarga, portanto o tempo que ela tem para a política é mínimo”, disse.
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