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Em dez anos, Brasil diminui diferença entre jovens mais
ricos e mais pobres que concluem o ensino médio. Em 2005, 18,1% dos jovens de
19 anos entre os 25% mais pobres da população concluíam o ensino médio. Entre
os 25% mais ricos, a porcentagem chegava a 80,4%, existindo uma diferença de
62,3 pontos percentuais entre os dois grupos. Em 2014, último
dado disponível, o cenário mudou. Entre os mais pobres, 36,8% concluiam o
ensino médio e, entre os mais ricos, 84,9%. A diferença entre os dois grupos
ficou em 47,8 pontos percentuais.
Os dados são de levantamento divulgado hoje (18) pela
organização não governamental Todos Pela Educação, feito com base na Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE). A pesquisa tem como objetivo monitorar a Meta 4 da
entidade, que estabelece que 90% ou mais dos jovens brasileiros de 19 anos
deverão ter completado o ensino médio até 2022. Essa meta também monitora a
conclusão do ensino fundamental até os 16 anos, estabelencendo o objetivo de
que 95% dos jovens tenham completado este ciclo escolar até 2022.
“A perspectiva é redução de desigualdades. Esse dado é
positivo. O Brasil está aumentando os índices e reduzindo as desigualdades”,
diz a superintendente do Todos Pela Educação, Alejandra, Meraz Velasco, que
pondera que o país ainda apresenta desigualdades que precisam ser
enfrentadas.
Ensino fundamental
A redução das diferenças entre os mais pobres e mais ricos
ocorre também no ensino fundamental. Em 2005, dos jovens de 16 anos entre
os 25% mais pobres da população, 38,8% concluíram o ensino fundamental. Entre
os 25% mais ricos, a porcentagem era 90%. A diferença entre os dois grupos era
51,2 pontos percentuais. Em 2014, entre os mais pobres a taxa de conclusão saltou
para 62,7% que concluíram o ensino fundamental e, entre os mais ricos, 92,2%,
uma diferença de 29,5 pontos percentuais.
De modo geral, os dados mostram que, nos últimos dez anos, o
Brasil avançou 15,4 pontos percentuais na taxa de conclusão do ensino médio dos
jovens de até os 19 anos. O percentual de concluintes passou de 41,4% em 2005
para 56,7% em 2014. Em números absolutos, isso significa que, nesse intervalo
de tempo, os estudantes concluintes passaram de 1.442.101 para 1.951.586.
No ensino fundamental, a taxa de conclusão cresceu na mesma
proporção que o ensino médio: quase 15 pontos percentuais, aumentando de 58,9%
em 2005 para 73,7% em 2014. Passou de 2.106.316 concluintes em 2005 para
2.596.218, em 2014.
Desigualdades
No ensino médio, entre os grupos de jovens por raça/cor, o
maior avanço registrado na década está entre a população parda, cuja taxa de
conclusão aos 19 anos aumentou 19,8 pontos percentuais. Entre os pretos, o
crescimento foi 17,1 pontos percentuais, enquanto os brancos apresentam 12,3.
No ensino fundamental, também houve queda na diferença.
Entre os pardos, houve um aumento na conclusão da etapa de ensino de 20 pontos
percentuais em dez anos. Entre os pretos, 18,2 pontos percetuais e, entre os
brancos, 10,7.
Apesar das melhorias, as populações pardas e pretas ainda
concentram os maiores percentuais de estudantes que não concluíram as etapas de
ensino nas idades monitoradas. No ensino fundamental, em 2014, 82,9% dos
brancos haviam concluído com 16 anos a etapa, enquanto 66,4% dos pretos
e 67,8% dos pardos atingiram o mesmo patamar. No ensino médio, 66,6% dos
brancos com 19 anos concluiram a escola. Entre os pretos o percentual foi
46,9% e, entre os pardos, 50,1%.
Na avaliação de Alejandra, o país ainda está distante de
cumprir, em 2022 a meta estabelecida pela entidade, de que pelo menos 90% dos
jovens brasileiros de 19 anos tenham o ensino médio concluído. “Como em outros
indicadores de educação, observamos melhorias, destacamos melhorias, mas o
Brasil não está melhorando a educação em um ritmo que a gente esperava”, diz.
Onde estão os jovens?
Quase um quarto dos jovens de 19 anos não estuda e nem
trabalha, segundo o estudo, a chamada "geração nem nem". A
porcentagem têm se mantido mais ou menos constante. Em 2005, eram 23,1% e, em
2013, a porcentagem subiu para 25,7%. Em 2014, houve uma queda, para 24,5%
dessa população. Isso significa que 842.217 jovens estão nessa situação no
Brasil.
Aos 16 anos, a porcentagem de "nem nem" é menor,
era 11,2% em 2005 e caiu para 10,5% em 2014, o que corresponde a 370.633
adolescentes que não estão na escola e nem trabalhando. Mais 244.232 (6,9%) só
trabalham.
“Sem dúvida isso é preocupante e passa pela necessidade de
reestruturação do ensino médio. Muito do aumento de quem não frequenta a escola
é devido ao desinteresse no ensino médio”, avalia Alejandra. A partir desse
ano, o ensino até os 17 anos passa a ser obrigatório no Brasil, como prevê a
Emenda Constitucional 59/2009 e o Plano Nacional de Educação (PNE). Para
Alejandra, isso deve se refletir nos indicadores futuros.
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