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As ações tomadas do Banco Central (BC) para segurar o dólar
têm provocado impacto relevante nas contas públicas. Desde julho de 2013, as
operações de swap cambial – venda de dólares no mercado futuro –
custaram R$ 60,05 bilhões ao governo federal.
O valor refere-se aos resultados líquidos das operações de swap do
Banco Central e são divulgados mês a mês pela autoridade monetária junto com os
números de política fiscal. O montante foi incorporado aos juros da dívida
pública, que até maio tinham somado R$ 408,8 bilhões no acumulado em 12 meses,
equivalente a 7,22% do Produto Interno Bruto (soma das riquezas produzidas no
país).
Desde maio de 2013, quando os Estados Unidos começaram a
reduzir as injeções de dólares na economia mundial, o BC voltou a vender
dólares no mercado futuro para segurar a cotação da moeda norte-americana. Em
agosto daquele ano, o programa tornou-se permanente, com o BC ofertando
diariamente contratos de swap.
A política durou até março deste ano, quando o Banco Central parou de ofertar novos lotes. Desde então, a autoridade
monetária passou a rolar (renovar) 70% dos contratos em vigor.
Apesar da retirada gradual dos contratos, o Banco Central
mantém um estoque expressivo de operações de swap, saindo de uma posição
zerada no início de 2013 para uma exposição líquida de R$ 356,6 bilhões em
maio, segundo os dados mais recentes. O prejuízo de R$ 60,05 bilhões é
resultado da diferença entre a valorização média do dólar e a variação dos
juros DI, taxas cobradas em transações entre bancos, com valor próximo ao da
Selic (juros básicos da economia).
Nos meses em que o dólar sobe, o BC tem prejuízo com as
operações de swap. Quando a cotação cai, o órgão tem lucro. Os resultados
são transferidos para os juros da dívida pública, aliviando as contas públicas
quando os contratos de swap são favoráveis à autoridade monetária e
precisando ser cobertos com as emissões de títulos públicos pelo Tesouro
Nacional quando acontece o oposto.
Por causa das oscilações mensais no câmbio, até agosto do
ano passado, o BC tinha lucrado R$ 18,55 bilhões com a venda de dólares no
mercado futuro. A conta reverteu-se a partir do mês seguinte, quando a moeda
norte-americana começou a disparar durante a campanha para o primeiro turno das
eleições presidenciais. De lá para cá, o BC acumulou prejuízo de R$ 78,6
bilhões com as operações de swap, resultando no impacto final de R$ 60,05
bilhões.
Entenda as operações de swap
Criado em 2001, o swap cambial é uma ferramenta
que permite ao Banco Central intervir no câmbio sem comprometer as reservas
internacionais. O BC vende contratos de troca de rendimento no mercado futuro. Apesar
de serem em reais, as operações são atreladas à variação do dólar.
No swap cambial, a autoridade monetária aposta que
o dólar subirá mais que a taxa DI. Os investidores apostam o contrário. No fim
dos contratos, ocorre uma troca de rendimentos (swap) entre as duas partes.
Quando o dólar sobe, o BC tem prejuízo proporcional ao número de contratos em
vigor. Quando a cotação cai, os investidores deixam de lucrar.
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