Continua após os destaques >>
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura a
violência nas universidades paulistas ouviu nesta quinta-feira (5) estudantes e professores
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), entre os quais a aluna de
medicina Marina Barbosa, que denunciou a ocorrência de dois estupros de
colegas, durante festas promovidas por alunos do curso de medicina, e Mayara
Romão, do segundo ano de Biologia, que relatou a ocorrência de bebedeiras nocampus.
Mayara disse ter presenciado colegas chegarem bêbados nas
aulas, depois do "almoço nas repúblicas”, onde são servidos pinga e
"reforço" - uma bebida batida com alho, cebola, pimenta e lixo.
Também estudante do segundo ano de biologia, Mayara Martins revelou que quatro
alunos de sua turma desistiram do curso por causa dos trotes. Segundo Marina
Barbosa, um dos estupros ocorreu após um desses “almoços” e o outro durante
festa em uma chácara.
Um dos depoentes foi Gines Villarinho, que cursou a Faculdade de Medicina na
Unicamp entre os anos de 2007 e 2012. Segundo ele, na festa de recepção aos
calouros da qual participou, em Paulínia (interior de São Paulo), teve que
lamber o chão do banheiro e passar por um corredor de veteranos sob socos e
chutes: "Um veterano mandou que eu deitasse no chão, como se eu fosse uma
prancha, subiu em minhas costas e começou a pular. Aí, comecei a pensar que
isso não era só uma brincadeira e que estava passando dos limites".
A professora Angélica Maria Bicudo, que foi coordenadora do curso por mais de
oito anos, disse que luta contra o trote na universidade há muito tempo.
Segundo ela, poucos alunos costumam denunciar a violência nos trotes, o que
impede que a faculdade leve adiante os processos que poderiam resultar em
punições: "Nós conseguimos fazer muitas coisas na faculdade, como mudar
currículos e melhorar o nível dos cursos. Mas se há algo que nunca conseguimos,
foi acabar com o trote".
Para o deputado Adriano Diogo (PT), que preside a CPI, os depoimentos são
“importantes e corajosos, mas precisam ser aprofundados”. Para ele, "o
trote deveria ser enquadrado criminalmente no capítulo da tortura, e não como
faz a polícia atualmente, considerando-o no máximo como atentado violento ao
pudor".
A CPI ouviu ontem (4) relatos de violência na Universidade Estadual Paulista
(Unesp), do campus de Botucatu. Um dos alunos de medicina do campus, João
Henrique Silva Rizetto, relatou que os estudantes são obrigados a participar de
festas, como a da Grande Família, em que foi obrigado a beber e a buscar
bebidas. Ele relatou também ter ouvido relatos de agressões mais graves, como o
caso de um jovem que foi trancado em um freezer de cerveja até quase desmaiar.
"Isso tudo é traumatizante principalmente para os alunos mais
jovens", disse ele.
A estudante Mayara Romão, do segundo ano de biologia, disse ter presenciado
colegas chegarem bêbados nas aulas, depois do "almoço" nas
repúblicas, onde são servidos pinga e "reforço" - uma bebida batida
com alho, cebola, pimenta e lixo. Também estudante do segundo ano de biologia,
Mayara Martins comentou que quatro alunos de sua sala desistiram do curso por
conta dos trotes.
O Coletivo Geni entregou à CPI diversos materiais sobre trotes violentos,
documentados em fotos e vídeos, que mostram, entre outras coisas meninas que
são levadas para a "escola do sexo", onde são obrigadas a simular
sexo oral; mensagens agressivas aos antitrotistas, postadas em redes sociais;
garotos obrigados a cavar buracos onde são parcialmente enterrados e incitados
a beber; alunos novos recebendo baldadas de água e garotas em coma alcoólico.
Destaques >>
Leia mais notícias em andravirtual
Curta nossa página no Facebook
Siga no Instagram