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A estagnação da economia brasileira no ano passado e o nível
mais fraco do consumo interno prejudicaram o desempenho das micro e pequenas
empresas (MPEs) paulistas, que chegaram ao final de 2014 com queda de 0,6% no
faturamento real (já descontada a inflação) em relação a 2013. O cenário
negativo também deteriorou as expectativas dos donos de MPEs, fazendo com que o
pessimismo deles quanto a economia do País e faturamento do negócio para os
próximos seis meses atingisse níveis recordes.
A receita total das MPEs em 2014 foi de R$ 595,3 bilhões, R$
3,9 bilhões a menos do que em 2013. Os dados são da pesquisa mensal Indicadores
Sebrae-SP.
Indústria e comércio amargaram resultados ruins, com queda
no faturamento acumulado de janeiro a dezembro de 1,8% e 5,9%, respectivamente,
em relação a um ano antes. Apenas o setor de serviços conseguiu registrar
aumento - de 6,5% - na mesma comparação. O resultado dos serviços foi
beneficiado pela melhora de receita do segmento de transportes e armazenagem,
que não apresentava performance tão boa, mas contou com o movimento para a Copa
do Mundo.
“Inflação relativamente alta, aumento de juros,
desvalorização cambial, piora nas condições de crédito e na confiança de
consumidores e de empresários seguraram o ritmo da atividade econômica”, afirma
o presidente do conselho deliberativo do Sebrae-SP, Paulo Skaf. “Os pequenos
negócios sentiram os efeitos dessa conjuntura e, consequentemente, seus
resultados pioraram no confronto com 2013.”
Entre as regiões, o Grande ABC teve a queda mais acentuada
de faturamento, de 4,6%, no acumulado de 2014 sobre 2013. A região, que tem
presença forte de empresas do setor automotivo, sofreu com o desempenho fraco
da indústria. Na mesma comparação, as MPEs do interior de São Paulo tiveram
baixa de 1,6% no faturamento; já o município de São Paulo apresentou
crescimento de 0,8% no indicador e a Região Metropolitana ficou praticamente
estável (variação de +0,3%).
Na análise de dezembro de 2014 com igual mês de 2013, o
faturamento das MPEs paulistas variou apenas +0,2%. Na comparação de dezembro
de 2014 com novembro do mesmo ano, houve crescimento de 10,8% na receita das
MPEs.
O pessoal ocupado (sócios-proprietários, familiares,
empregados e terceirizados) nas MPEs do Estado de São Paulo aumentou 0,8% em
2014 ante 2013. A folha de salários cresceu 3% (já descontada a inflação) e o
rendimento dos empregados aumentou 0,9% em igual período.
Pessimismo recorde
Quanto às expectativas dos donos de MPEs com o faturamento
da empresa para os seis meses seguintes, chamam a atenção os 16% que disseram,
em janeiro, esperar piora, maior porcentual desde maio de 2005, quando as
expectativas foram introduzidas na pesquisa. Em janeiro de 2014 eles eram 9%. A
maior parcela (55%), no entanto, acredita em estabilidade (eram 50% um ano
antes) e 24% falam em melhora (31% em janeiro de 2014).
O pessimismo também é recorde quando se trata das
expectativas dos empresários em relação à economia. Em janeiro, 32% afirmaram
crer em piora, o dobro de janeiro de 2014, quando 16% dos entrevistados
manifestaram esse sentimento. Os que preveem estabilidade são 46% em janeiro de
2015 ante 51% de um ano antes. Já os que acreditam em melhora são 15% agora;
eram 25% em janeiro do ano passado.
“Com relação ao ambiente interno, 2015 será um ano de
ajustes promovidos pelo governo, que poderão ter efeito restritivo sobre a
atividade econômica”, afirma o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano.
“Como os pequenos negócios têm forte dependência do mercado interno, um consumo
em nível menor tende a tornar a vida das micro e pequenas empresas mais difícil
neste ano.”
O presidente do conselho deliberativo do Sebrae-SP reforça
que o planejamento torna-se ainda mais importante nesse cenário. “Cada ação do
empreendedor deve ser bem estudada para que, diante de um quadro adverso, possa
aproveitar ao máximo as oportunidades e correr menos riscos”, diz Skaf.
A pesquisa
A pesquisa Indicadores Sebrae-SP é realizada mensalmente,
com apoio da Fundação Seade. São entrevistados 2.716 proprietários de MPEs do
Estado de São Paulo por mês. No levantamento, as MPEs são definidas como
empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria
de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6
milhões. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.
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