Alguns problemas causados pela estiagem devem demorar a se resolver no noroeste paulista, como o da hidrovia Tietê-Paraná. Há mais de seis meses nenhuma barcaça passa pelo Tietê e as chuvas até agora não foram suficientes para reverter o quadro. A situação compromete a circulação de mercadorias de várias regiões do país, interligadas pela hidrovia. Agora, o Departamento Hidroviário de São Paulo quer tomar uma medida drástica para retomar a navegação: explodir as rochas do fundo do rio. As informações são do portal G1/TV Tem.
Por causa da estiagem, o nível do rio Tietê está seis metros abaixo do normal. Com isso, blocos de rocha, que ficam no fundo do rio, já começam a aparecer, o que se torna um perigo para qualquer embarcação. Nenhum comboio passa pela hidrovia desde maio.
Para tentar resolver o problema, o departamento abriu uma licitação para contratar uma empresa que irá remover essas pedras com dinamite. Com isso, o canal de navegação da usina de Nova Avanhandava, em Buritama (SP), vai ganhar mais dois metros de profundidade, facilitando a passagem das barcaças.
Mas a obra pode não ser suficiente e, por isso, o departamento hidroviário também pretende reduzir a vasão das usinas do noroeste do estado, para elevar o nível dos reservatórios. O problema é que há o risco de que essa redução na vasão prejudique o comportamento dos peixes.
Por isso, nos últimos meses, testes foram feitos nas usinas de Porto Primavera e Jupiá, em Castilho (SP). Os resultados foram encaminhados para análise do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Agência Nacional das Águas e Cesp, a Companhia Energética do Estado de São Paulo.
A seca e a consequente baixa no Tietê acabaram afetando o escoamento da produção das regiões sul, sudeste e centro-oeste, os principais polos do agronegócio no país, todas interligadas pela hidrovia. Nos últimos meses uma empresa de Pederneiras (SP) demitiu mais de 300 funcionários.
Até mesmo onde a seca não tem sido tão severa, os números assustam. Em Goiás, empresas que operam na hidrovia, demitiram mais de três mil trabalhadores. A produção de soja que precisa chegar ao porto de Santos está sendo levada pela rodovia. Ao todo, são 200 carretas para transportar o volume que seguiria em um único comboio, formado por quatro barcaças. “O custo para carregar pela rodovia é 40% acima do que se a gente carregasse pela hidrovia”, afirma Guilherme Mortoza, gerente industrial.