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Na
hora de comprar o material escolar, um item merece atenção especial: a mochila.
Com o peso muitas vezes excessivo, devido à quantidade de livros e outros
materiais, as mochilas precisam ser adequadas para distribuir bem o peso e não
prejudicar a postura dos estudantes. Os pais devem ficar atentos para evitar
que os filhos carreguem peso maior que o recomendável.
A
Academia Americana de Pediatria considera que o ideal é que a mochila tenha
entre 10% e 20% do peso corporal do estudante. Há instituições que defendem o
percentual de 15%. O ortopedista pediátrico e professor na Santa Casa de São
Paulo Claudio Santili explica que falta consenso porque não há pesquisas
conclusivas sobre o tema. Ele defende que o peso máximo do material escolar
carregado pelos estudantes seja 10% do peso corporal.
O
uso de mochilas com peso excessivo, especialmente se carregadas de forma
inadequada, pode provocar dores e até problemas na postura, explica Santili.
“Se for carregada de forma inadequada, apenas de um dos lados do corpo, vai
provocar contração da musculatura do lado oposto e a criança pode ter dor
muscular. Se isso se prolongar, pode levar à postura inadequada”.
Ao
escolher uma mochila, é importante que ela seja leve. Quando estiver vazia, não
deve pesar mais que meio quilo. O ideal é que seja de duas tiras, pois as de
tira única para o ombro não distribuem o peso uniformemente, o que pode causar
problemas de postura. O estudante deve tensionar as tiras para que a mochila
fique bem junto ao corpo e aproximadamente a cinco centímetros acima da linha
da cintura.
As
alças devem ser acolchoadas, reguláveis e com largura mínima de quatro
centímetros na altura dos ombros. Tiras estreitas podem causar compressão nos
ombros e restringir a circulação. É interessante também concentrar os objetos
mais pesados no centro da mochila e mais próximos das costas. As orientações
foram elaboradas pelo Proteste e pela Sociedade Brasileira de Ortopedia
Pediátrica.
Sabrina
Albuquerque tem dois filhos que estão no ensino fundamental, um de 9 e um de 13
anos, e fica preocupada com o peso que eles carregam diariamente. “Dá pra ver
pela postura que o material está muito pesado, aí peço pra retirar alguns
livros e levar na mão. Mas, com isso, eles às vezes acabam esquecendo o
material”, conta. Sabrina avalia que a escola deveria se preocupar mais com a
questão. “Acho que a escola acaba se preocupando muito com o conteúdo, o
vestibular, e não se preocupa com essa parte física das crianças”, relata.
As
mochilas com rodinhas podem ser uma alternativa para o excesso de peso. A
Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica alerta, no entanto, que é preciso
ter cuidado com a alça do carrinho que deve estar a uma altura apropriada. As
costas devem estar retas ao puxá-la. Esse tipo de mochila, porém, enfrenta resistência
dos adolescentes.
Além
de mochilas adequadas, o diálogo entre pais e escola é considerado fundamental
para equacionar o problema do excesso de peso que os alunos carregam. Algumas
instituições têm adotado medidas que reduzem a quantidade diária de material
que precisam levar.
Gabriela
Braga é mãe de Caio, de 12 anos, que cursa o 7° ano do ensino fundamental em
uma escola particular de Brasília. Ela conta que, neste ano, a escola vai
adotar netbook e apostilas próprias que serão entregues por bimestre.
“Este ano será entregue uma apostila por bimestre, com todas as matérias. Não é
muito material para carregar. Extra, só um caderno de dez matérias”, diz.
O
ortopedista Cláudio Santili também alerta os pais para conferir periodicamente
as pastas escolares a fim de evitar que os filhos carreguem objetos
desnecessários. “A criança também precisa ser fiscalizada. Muitas vezes, ela
tem na mochila coisas que não precisam ser levadas à escola, como joguinho para
brincar, o que aumenta o peso. Isso é muito comum”, disse.
As
discussões em torno do excesso de peso das mochilas de crianças e adolescentes
resultaram em um projeto de lei, aprovado em novembro do ano passado na
Comissão de Assuntos Sociais do Senado, que determina que as mochilas devem
ter, no máximo, 15% do peso do estudante. O projeto também obriga as escolas a
ter armários para os estudantes guardarem material. O texto, no entanto, não
prevê nenhum tipo de fiscalização, nem sanções para quem descumprir a norma. O
projeto ainda precisa retornar à Câmara dos Deputados.
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