Continua após os destaques >>
Seguro
barato, proteção menor. Essa é a mais nova proposta das seguradoras para atrair
proprietários da frota de 72% de veículos ainda não segurados no Brasil. Com um
custo até seis vezes menor e uma cobertura compacta, o produto batizado de
"seguro popular" mira consumidores dispostos a correr mais riscos e
pagar menos pela apólice. As informações são do portal IG.
É
o caso do engenheiro paulistano Vagner Vasconcelos, de 41 anos, que aceita
desembolsar em torno de R$ 50 por mês (ou R$ 600 por ano) por um seguro que
cubra apenas furto e roubo de seu automóvel, dispensando outras coberturas. “Em
15 anos como segurado, nunca sofri uma batida e só tive duas solicitações de
socorro. Uma delas foi na porta de casa e outra dava para me virar sozinho”,
conta ele.
Um
seguro com as coberturas tradicionais (colisão, incêndio, dano a terceiros,
roubo e furto) pode variar entre R$ 1 mil e R$ 10 mil por ano, a depender de
perfil do segurado (idade, sexo), localização do veículo e tipo de carro (como
marca e ano). Mas o preço pode não ser apenas uma questão de perfil.
Uma
simulação da corretora online de seguros minutoseguros.com.br, feita este mês,
mostrou que um seguro para uma mulher que mora em Salvador, proprietária de um
Fiat Strada 1.4 (ano 2013), pode ter uma diferença de preço de até 73% entre as
seguradoras, com o mais barato a R$ 2.514,26 e o mais caro R$ 9.499,23.
Apenas
furto e roubo
A
BNP Paribas Cardif do Brasil foi uma das primeiras a lançar um seguro com
proteção simplificada para veículos no Brasil, o Autofácil, em 2008. A partir
de R$ 79,90 por mês – o valor pode aumentar conforme o perfil do carro e do
segurado –, é possível contratar uma apólice que cubra apenas roubo e furto – e
por mais R$ 10 mensais, assistência 24 horas.
“Restringimos
algumas coberturas para criar um produto entre 30% e 50% mais barato que os
seguros tradicionais”, explica Adriano Comparoni, diretor comercial de
automóveis da seguradora.
O
público-alvo deste tipo de seguro são clientes de baixa renda, sem recursos
para arcar com uma proteção mais abrangente. A maior parte é de proprietários
do primeiro veículo, quase sempre financiado, e jovens que acabaram de tirar
carteira de habilitação, classificados com de perfil de alto risco pelas
seguradoras – o que encarece demais o produto.
Em
2013, a Cardif do Brasil comercializou em torno de 3,5 mil apólices deste tipo
de seguro por mês, segundo Camparoni, para quem o Brasil ainda engatinha neste
conceito de cobertura para veículos.
Os
seguros massificados representam hoje 11% do total do mercado segurador no
Brasil. “Ainda há muito espaço para crescer”, acredita o executivo.
De
olho na nova classe média
A
Caixa Seguros também lançou, em novembro, o seu seguro simplificado de veículos
a R$ 220 por ano, com opção de parcelar em até dez vezes. O produto inclui
assistência 24 horas, danos corporais a terceiros (responsabilidade civil) e
acidentes pessoais para os ocupantes do veículo. Em contrapartida, não cobre
danos ao veículo, como colisão ou incêndio, nem furto e roubo.
Segundo
o diretor de riscos diversos da Caixa Seguros, Luis Alberto Charry, o objetivo
é alcançar proprietários de veículos que contratam seu primeiro seguro.
“Pretendemos atingir o mercado que a nova classe média vem ocupando nos últimos
anos”.
O
Brasil tem hoje 15 milhões de veículos segurados, o equivalente a 28% da frota
em circulação. Com a atual incidência de roubos de automóveis e motocicletas no
País – em torno de 450 mil unidades todos os anos, segundo a Fenseg (Federação
Nacional de Seguros Gerais) – é alto o potencial para reduzir a frote desprotegida.
Mas
de acordo com o advogado e especialista em mercado segurador, Antonio
Penteado Mendonça, o verdadeiro seguro popular de veículos ainda não está no
mercado por falta de regulamentação ou de uma lei.
O
que se oferece hoje pelas seguradoras, afirma Mendonça, é apenas um seguro
barateado por oferecer menos coberturas. “O consumidor que adquirir o produto
precisa saber que correrá mais riscos com essa proteção reduzida”, alerta.
Seguro
popular x cobertura reduzida
O
projeto de se criar um seguro popular, segundo Mendonça, permitirá a
substituição de peças pelas usadas, o que deve baratear o produto. Enquanto um
paralama e capô novos de um automóvel popular chegam a custar R$ 900, essas
peças recicladas custariam R$ 350, de acordo com a Fenseg.
A
reposição de peças usadas será destinada a carros com mais de cinco anos de
uso, reduzindo o valor da apólice em até 30%. Por enquanto, contudo, este tipo
de seguro ainda carece de regulamentação ou de uma lei que permita a reutilização
das peças, hoje proibida.
Tramitam
no Congresso Nacional dois projetos de lei (PL 617/2011 e PL 23/2011) que podem
permitir a introdução do seguro popular no mercado brasileiro ainda em 2014,
acredita o advogado Penteado Mendonça.
“O
seguro entendido como popular deve ter quase as mesmas coberturas que o
tradicional, e ficará mais barato não em função de coberturas menores, mas do
custo reduzido das peças de reposição”, explica.
Destaques >>
Leia mais notícias em andravirtual
Curta nossa página no Facebook
Siga no Instagram