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Até
31 de dezembro, ainda é possível usar alguns artifícios para aumentar sua
restituição do Imposto de Renda Pessoa Física em 2014 (ano-base 2013). O
contribuinte pode aproveitar seu 13º salário ou até mesmo a restituição do IR
deste ano e adiantar para agora as despesas dedutíveis que faria a partir de
janeiro. Assim, pode se beneficiar da lei que permite abater gastos com saúde e
educação, por exemplo. As informações são do portal IG.
Mas
especialistas em tributação alertam que ninguém deve arrancar um dente ou
contratar um plano de previdência privada só para pagar menos imposto. O
recurso deve vir acompanhado da necessidade real de utilizá-lo, até porque
envolve despesas que pesam bastante no bolso.
E
não adianta dar uma de espertinho e forjar gastos que não ocorreram, porque o
Fisco está cada vez mais rigoroso no cruzamento de dados entre contribuintes e
fornecedores de notas fiscais – o que aumenta a possibilidade de cair da malha
fina e sofrer penalidades da Receita.
Vale
lembrar que só é possível abater o IR sobre os gastos se a declaração for feita
no modelo completo, já que o simplificado desconsidera todas as despesas,
permitindo deduzir 20% dos rendimentos tributáveis, com um teto limitado a R$
15.197,02 em 2014.
“O
formulário simplificado é o melhor para quem não possui grandes despesas
dedutíveis”, explica o diretor executivo da Confirp Consultoria Contábil,
Richard Domingos. Esta opção, portanto, dispensa a necessidade de informar
qualquer gasto feito no ano anterior à declaração.
Se
em 2013 as despesas dedutíveis ultrapassarem o teto de R$ 15.197,02, a melhor
alternativa é a declaração no modelo completo, observa Vicente Sevilha Junior,
CEO da Sevilha Contabilidade. “Recomendo preencher todos os gastos, de toda
forma, e o programa da Receita informará qual o modelo mais vantajoso”.
Confira
abaixo as alternativas possíveis para abater mais Imposto de Renda no próximo
ano:
COMO
ABATER DESPESAS COM SAÚDE
Sabe
aquele check-up geral que estava marcado para janeiro? Se você puder adiantar
os exames para até 31 de dezembro, é possível abater o valor gasto de seus
rendimentos tributáveis em 2014. “O mesmo vale para procedimentos cirúrgicos,
terapias, tratamento psicológico, odontológico e até cirurgias plásticas”,
explica Domingos.
Mas
é preciso saber que as despesas para fins estéticos não entram na lista, alerta
Sevilha Junior. Ele exemplifica: um implante de silicone para reconstrução da
mama permite o desconto no imposto, mas se a finalidade for apenas aumentar o
tamanho ou colocar botox, não.
Tratamentos
odontológicos seguem as mesmas regras. Implantes dentários, cirurgias
periodontais e tratamento de canais são válidos, mas clareamento dos dentes não
permite o benefício.
“Os
gastos médicos feitos em outros países também são dedutíveis, mas é preciso ter
o comprovante”, explica o especialista da Confirp. O contribuinte também pode
incluir gastos com dependentes na declaração, que possuem limite no desconto.
Já as despesas próprias com saúde não têm teto de dedução.
Se
o contribuinte gastou R$ 30 mil com uma cirurgia em 2013, e teve rendimentos
tributáveis de R$ 100 mil, só pagará imposto sobre R$ 70 mil, exemplifica
Domingos.
Quando
a despesa médica for de alto valor, Sevilha recomenda perdir um relatório do
médico, além da nota fiscal, que deve ficar em poder do contribuinte por pelo
menos cinco anos após a entrega da declaração do IR. “Isso porque a Receita
pode pedir o comprovante para cruzar as informações”, explica.
COMO
DEDUZIR GASTOS COM EDUCAÇÃO
Nem
todo contribuinte sabe que é possível adiantar o pagamento de todas as
mensalidades escolares do próximo ano ainda em 2013. Este recurso serve para
adiantar o abatimento das despesas do Imposto de Renda no ano seguinte, já que
todos os pagamentos com educação feitos em 2014 só serão deduzidas em 2015.
Mas
para o especialista da Sevilha Contabilidade, nem sempre o artifício é
vantajoso. “O limite dedutível nos gastos com instrução em 2014 será de R$
3.230,46, o que não chega a R$ 300 por mês. É muito pouco, tendo em vista o
custo da educação no País. Pode não valer a pena adiantar todas as
mensalidades”, alerta.
O
limite das despesas com dependentes é ainda menor: R$ 1.974,72. Já casais
poderão descontar R$ 3.230,46 cada um em 2014 dos gastos próprios com educação.
Vale
ressaltar que apenas os cursos de formação acadêmica são válidos como despesas
dedutíveis, como ensino fundamental, ensino médio, curso superior, técnico ou
pós-graduação (especialização, MBA, mestrado ou doutorado). “Cursos de idiomas
ou de judô não entram na lista”, observa Domingos, da Confirp.
COMO
REDUZIR O IR COM PREVIDÊNCIA PRIVADA
Quem
contratar um plano de previdência privada ainda este ano na modalidade Plano
Gerador de Benefício Livre (PGBL), desde que esteja contribuindo para a
Previdência Social (INSS), tem direito a abater todos os aportes feitos sobre
os rendimentos tributáveis (salário, aluguel, pro labore etc) em 2014, no
limite de 12%, explica Sevilha.
Dessa
forma, se o contribuinte pagou R$ 20 mil no PGBL em 2013 e obteve rendimentos
de R$ 100 mil neste período, só poderá deduzir R$ 12 mil de imposto, observa
Domingos, da Confirp. O calculo do IR será feito sobre o valor de R$ 88 mil,
neste caso.
“Mas
quando você resgatar o dinheiro anos depois, pagará Imposto de Renda sobre o
aporte feito, em compensação”, lembra Domingos. Dessa forma, o abatimento do IR
posterga o pagamento do tributo para o momento do resgate.
O
valor do imposto ao resgatar o plano será calculado de acordo com a tabela
escolhida: regressiva ou progressiva. Na regressiva, as alíquotas diminuem com
o tempo do investimento, de 35% para 10%, valor mínimo para planos com mais de
10 anos. Já na progressiva, as taxas variam de zero a 27,5%, ficando cada vez
menores conforme aumenta o valor investido.
É
preciso tomar cuidado se a escolha for pela previdência complementar no modelo
VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), pois ela não permite fazer deduções na
declaração do Imposto de Renda. “O VGBL é um bom plano pra quem não tem
rendimentos tributáveis muito altos”, analisa o CEO da Sevilha Contabilidade.
Outra
recomendação é jamais fazer um plano de previdência apenas com o objetivo de
abater o IR. "Ele foi feito para o longo prazo e com objetivo de ter
recursos para a aposentadoria”, lembra Sevilha.
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