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A
poupança pode voltar a ter a remuneração antiga a partir de amanhã (29). Isso
vai acontecer se a taxa básica de juros, a Selic, for elevada como esperam
analistas do mercado financeiro. Atualmente, a Selic está em 8,5% ao ano e a
expectativa das instituições consultadas pelo Banco Central (BC) é elevação de
0,5 ponto percentual. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC vai anunciar
hoje (28) à noite a decisão sobre o valor da Selic.
No
ano passado, o governo mudou a regra de remuneração da poupança. Manteve o
rendimento de 0,5% ao mês (6,17% ao ano) mais Taxa Referencial (TR) com taxa
básica de juros (Selic) acima de 8,5%, e determinou que, quando os juros
básicos da economia estiverem iguais ou inferiores a 8,5% ao ano, a caderneta
rende 70% da Selic mais a TR.
Para
o diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional
dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José
Ribeiro de Oliveira, mesmo com a elevação da taxa básica de juros para 9% ao
ano, os rendimentos da poupança vão continuar “interessantes” quando comparados
com os fundos de renda fixa.
Segundo
ele, isso ocorre porque a caderneta de poupança tem ganho garantido por lei (TR
+ 6,17% ao ano) e não tem qualquer tributação. Os fundos de renda fixa têm
tributação do imposto de renda sobre seus rendimentos. Quanto menor o prazo de
resgate, maior a tributação. Além disso, no caso dos fundos, os bancos cobram
taxas de administração.
A Anefac fez simulações de rendimento para uma aplicação financeira de R$ 10
mil, mantida pelo prazo de 12 meses, com a taxa Selic estável em 9% ao ano. Na
poupança, o rendimento ficaria em R$ 668.
No
fundo de investimentos, com taxa de administração de 0,5% ao ano, o rendimento
ficaria em R$ 693. Com taxas de administração maiores, os rendimentos são
menores. No caso da taxa de 1% ao ano, o rendimento ficou em R$ 655. Se a taxa
for 2,5% ao ano, o rendimento do fundo ficaria em 541. E na simulação com taxa
de administração 3% ao ano, a remuneração cairia para R$ 503.
No
caso do Certificado de Depósitos Bancários (CDB), que também tem cobrança de
imposto de renda, o investidor teria que obter taxa de juros de cerca de 85% do
CDI (Certificado de Depósito Interbancário, que tem taxas similares aos juros
básicos) para atingir o mesmo ganho obtido com a poupança.
A Anefac também analisou o efeito da possível elevação da Selic nas taxas de juros cobradas nas operações de crédito. Para a associação, seja qual for a elevação da Selic, haverá pouco impacto nas taxas de juros. Segundo Oliveira, a competição no sistema financeiro – depois da forte redução de juros pelos bancos públicos, e a expectativa de queda na inadimplência podem fazer com que algumas instituições financeiras não alterem suas taxas de juros.
De acordo com a simulação da Anefac, se a Selic for realmente elevada para 9%
ao ano, a taxa média de juros passaria de 5,48% para 5,52% ao mês.
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