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Com
seis fábricas e 73 lojas abertas até abril e potencial para mais 27 no Brasil,
a camisaria catarinense Dudalina se prepara para ser liderada por um executivo
de fora da família do senhor Duda e da senhora Adelina, fundadores da marca em
1957, na cidade de Luis Alves (SC). Ao iG , Sonia Hess de Souza,
atual presidente da empresa e eleita pela revista 'Forbes' a sexta mulher de
negócios mais poderosa do Brasil, fala sobre a transição, os planos de expansão
para a marca e as dificuldades de comandar a maior confecção de camisas da América
Latina. As informações são do portal IG.
A
relação entre a Dudalina e Sonia Hess, de 56 anos, começou ainda criança,
quando ela trabalhava como vendedora na primeira loja de seus pais, em Luis
Alves (SC). Ela saiu de trás do balcão no interior de Santa Catarina para
comandar a companhia a partir de um escritório confortável no Paraíso (Zona Sul
de São Paulo). Sonia é responsável por um crescimento anual de 30% da marca
desde 2009 e diz que nunca pensou em ser empresária. “A gente morava no
interior, não tinha cinema, lanchonete, nada, absolutamente nada. Na realidade,
o trabalhar era uma forma de estar ocupado. Eu não tive esse tempo de pensar
[em carreira]”, conta Sonia, que vê muitas pessoas da sua geração com uma
história parecida. “Agora, na nova geração, todos já se preparam para isso e
estão se preparando cada vez mais com MBA, pós-graduação, aperfeiçoamento, faz
duas faculdades e tudo o mais”, completa ela. Dos 2.337 funcionários da
companhia, apenas 14 têm mais de 55 anos.
No
posto desde 2002, a catarinense, sexta de 16 irmãos, credita o seu sucesso a
duas características: bravura e adaptabilidade. “Sempre fui muito de enfrentar
o desconhecido e aprender com isso. Às vezes você é colocada em algum ambiente
e se pergunta ‘meu Deus, o que eu estou fazendo aqui?’ e imediatamente observa,
começa a entender e se adaptar àquele lugar. Se você quiser que o ambiente lhe
descubra, esquece, você não vai resolver nada”, aconselha a executiva. Apesar
de não esperar ser indicada à presidência da empresa, Sonia diz que o desafio
não alterou a sua rotina.
Novo
comando
Antes
de Sonia, o seu pai, sua mãe e seus irmãos Anselmo José, Armando e César Hess
de Souza, respectivamente, já haviam liderado a companhia. No entanto, a
executiva não enxerga mais a Dudalina como uma empresa familiar. “Nós temos uma
governança muito bem estruturada. Dos quatro diretores, um só é da família [Rui
Leopoldo Hess de Souza, diretor de varejo], os outros três são diretores
estatutários, profissionais. Então, os colaboradores hoje não veem [a Dudalina]
como uma empresa familiar. Ela é uma empresa de resultados”, diz a executiva.
Como
prova de que a camisaria superou a fase familiar, Sonia conta que o próximo a
ocupar seu cargo não será ninguém da família. “O meu sucessor, que eu estou
preparando, é um diretor que está conosco há muito tempo. Raramente nós não nos
falamos todos os dias. Todas as ações que estou tomando eu compartilho. Eu
estou treinando ele para ser realmente o meu sucessor, e não é da família”,
conta Sonia, sem revelar o nome do próximo presidente. A empresária acredita
que o seu papel e o de sua família foi o de deixar um legado à Dudalina, mas
que a marca não precisa necessariamente ser administrada pela família. “Uma
Chanel tem o legado da Coco Chanel, mas ela não está mais viva. É comandada por
alguém de fora”, diz ela, comparando a história da marca francesa à da
Dudalina.
“Eu
estou na Dudalina como presidente enquanto eu der resultado. Se algum dia eu
não der, vou ter a humildade de sair”, explica Sonia, que tem como meta chegar
aos 60 anos como parte do conselho da camisaria e de outras empresas, além de
se engajar mais em projetos sociais para melhorar o País. A executiva,
inclusive, já faz parte do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e
Social) e conta que tem como inspiração a empresária Luiza Helena Trajano,
presidente da rede varejista Magazine Luiza e também integrante do CDES. “O
compromisso pessoal dela com o Brasil é admirável. É a mulher mais engajada
pela ‘causa Brasil’, em melhorar as condições sociais, políticas, econômicas,
tudo. Ela tem uma objetividade muito grande”, elogia.
Internacionalização
da marca
Enquanto
continua no comando, Sonia tem planos ambiciosos para a marca. A empresária,
responsável pela criação da linha de camisas femininas, em 2010, viu o
faturamento da Dudalina pular de R$ 140 milhões em 2009 para R$ 416 milhões no
ano passado. Devido ao sucesso nacional, Sonia agora estuda abrir lojas em
outros países.
Em
outubro de 2012, a cidade italiana de Milão, considerada uma das capitais da
indústria da moda, recebeu o primeiro showroom da Dudalina fora do Brasil. Em
parceria com o empresário Gianni Asnaghu, da marca italiana de gravatas AD56, a
camisaria também inaugurou um espaço shop-in-shop (quando a loja é abrigada
dentro de outra loja) na Via Fatebenefratelli, no centro da cidade.
“A
gente está aprendendo muito, porque internacionalizar uma marca brasileira não
é uma coisa tão simples. Tem um custo alto, mas ao mesmo tempo, você pode fazer
isso tudo de uma forma simples, devagar e quando tiver certeza de que elas
podem ser feitas”, pondera Sonia, que diz já ter planos para abrir outras lojas
no Reino Unido, Austrália, Áustria, Rússia e Panamá. “Temos essa segurança de
que nós temos esse produto diferenciado, com uma super qualidade, que nós
cuidamos de cada item e detalhe e que é fabricado por mãos brasileiras”,
completa.
Para
o Brasil, a marca projeta faturar R$ 502 milhões em 2013, com uma produção de
4,5 milhões de peças, meio milhão a mais do que a produção do ano passado. No
entanto, Sonia sabe que esse número poderia ser maior. “O Brasil precisa
urgente da reforma tributária. Hoje, quando tenho na minha contabilidade mais
pessoas do que no desenvolvimento de produto, tem alguma coisa que não está
certa. Essa desburocratização é urgente”, diz a empresária. Na sua opinião, a
burocracia tem dificultado a entrada de investimento estrangeiro. “Tudo poderia
ser muito simplificado. O Brasil não é país mais rico, o Brasil é o país mais
caro”, conclui.
Entre
as mais poderosas
Sobre
ser eleita pela revista americana Forbes como a sexta mulher de negócios mais
poderosa do Brasil, Sonia Hess diz ter ficado surpresa. “É muito engraçado. As
pessoas brincam ‘nossa, estou falando com a sexta mulher mais poderosa do
Brasil’, mas isso não muda a sua função, só lhe dá mais responsabilidade”, conta.
Sonia concilia seu tempo como presidente da Dudalina com o seu marido, suas
três enteadas, dois netos e mais de 40 sobrinhos.
“Nunca estou sozinha nos fins de semana, tem sempre de 20 a 30 pessoas na minha casa”, comenta Sonia. A objetividade do mundo dos negócios a presidente da Dudalina leva para dentro de casa. Ela conta ser uma mulher prática até ao fazer compras no supermercado. “Não levo horas. Já sei o que eu vou fazer para o jantar, então vou lá e ‘pá’”, brinca.
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