A
onda de protestos nesta segunda-feira (17) tomou as ruas de pelo menos nove
capitais do país, totalizando 230 mil pessoas em diferentes localidades. Os
manifestantes foram além das palavras de ordem contra o aumento no preço de
tarifas de transporte, e incluíram críticas aos gastos para a construção de
estádios para a Copa do Mundo, o ataque à corrupção, a caciques do Congresso
Nacional e até à Proposta de Emenda Constitucional 37, que restringe os poderes
de investigação do Ministério Público.
O Rio de Janeiro abrigou a maior marcha do dia. A Polícia Militar do Estado não divulgou estimativas, mas a Coope/UFRJ calculou 100 mil pessoas nas ruas. A manifestação percorreu a avenida Rio Branco e chegou à Cinelândia, no centro da cidade, de onde partiram para a Assembleia Legislativa, na Rua 1º de Março, onde na quinta-feira passada (13) ocorreram os primeiros confrontos com a Polícia Militar. No trajeto, houve vaias e palavras de ordem também contra a Polícia. Nas proximidades da sede da Alerj, houve confronto, e os policiais usaram bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes. Um carro chegou a ser incendiado e uma viatura depredada.
Em Brasília, apesar de a manifestação ter reunido 5 mil, segundo a Polícia Militar, dois dias depois dos protestos na estreia da Seleção Brasileira na Copa das Confederações, no sábado (15), os ativistas marcharam até o Congresso Nacional. Depois de permanecer diante de um cordão de isolamento, um grupo ultrapassou a faixa e chegou a subir na cobertura do prédio. A sessão no Plenário do Senado foi suspensa. As críticas ao senador José Sarney e ao deputado federal Marco Feliciano, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, dividiram-se com os gritos e faixas contra a corrupção e os gastos para a realização da Copa do Mundo.
Em
São Paulo, estimativas da PM apontam 30 mil participantes, ante até 65 mil,
segundo dados do Instituto Datafoha. A concentração no Largo da Batata, na zona
Oeste da cidade, e seguiu até a Marginal Pinheiros, de onde dividiu-se em duas partes.
Uma dirigiu-se até a Ponte Jornalista Roberto Marinho, prometendo chegar até a
sede da TV Globo na capital paulista. Outro grupo seguiu para o Palácio dos
Bandeirantes, na zona Sul. As palavras de ordem dividiam-se entre o prefeito
Fernando Haddad, o governador Geraldo Alckmin, e a presidenta Dilma Rousseff,
além do Congresso Nacional e denúncias de corrupção. Pela manhã, os
manifestantes haviam recusado-se a combinar o trajeto da marcha com as forças
policiais.
A
capital mineira abrigou manifestações em direção ao Estádio do Mineirão, onde
seria realizada partida entre Nigéria e Taiti, pela Copa das Confederações.
Depois de avançar, os 20 mil manifestantes, segundo fontes oficiais, foram
retidos com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e força policial. A
Praça Sete, em Belo Horizonte, chegou a ser fechada durante o protesto. Um
jovem caiu de um viaduto e está em estado grave.
No
fim da tarde, 10 mil manifestantes protestaram em Porto Alegre, segundo a
Brigada Militar. No início da noite, houve confronto com a Polícia, com bombas
de gás lacrimogêo e um ônibus foi incendiado. A marcha avançou pela região
central e ocupou a Praça Montevidéu. Salvador, Curitiba, Maceió e Belém também
abrigaram protestos.