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A partir da próxima
quinta-feira (11), a cachaça passa a ser vendida nos Estados Unidos como um
produto tipicamente brasileiro. Isso significa que, para ser chamada de
cachaça, a bebida terá de ser produzida no Brasil.
Desde 2000, os americanos comercializavam a bebida com o rótulo de "rum
brasileiro" e produtos fabricados em outros países, principalmente da
região do Caribe, eram, muitas vezes, confundidos com a cachaça.
O reconhecimento foi resultado de uma negociação de mais de uma década entre os
governos dos dois países. Em contrapartida, o Brasil passará a reconhecer
outros dois produtos como genuinamente americanos: o uísque bourbon e o uísque
tennessee.
"A medida evita que a cachaça vire um destilado genérico, como a vodka,
que antes era produzida só na Rússia e hoje é feita no mundo todo", diz
Vicente Bastos, presidente da diretoria executiva do Instituto Brasileira da
Cachaça (Ibrac).
País luta
por reconhecimento na OMC
A medida abre precedente para que
outros países também reconheçam a cachaça no futuro. Além dos EUA, apenas a
Colômbia fez esse reconhecimento oficialmente. Nesse caso, não houve
necessidade de acordo: a decisão foi tomada de forma voluntária pelo país
latino-americano.
Medidas regionais como essas podem
ajudar a cachaça a ganhar a denominação de origem da Organização Mundial do
Comércio (OMC), afirma César Rosa, CEO da Velho Barreiro e presidente do
conselho do Ibrac. Isso garantiria o reconhecimento no mundo todo, como já
acontece, por exemplo, com a tequila, do México, e o uísque escocês, da
Escócia.
Exportações
atingem apenas 1% da produção
Os Estados Unidos são o maior mercado
de destilados do mundo e estão entre os principais compradores de cachaça. De
maneira geral, porém, as exportações do produto ainda são bastante tímidas.
Segundo dados do Ibrac, a indústria produz cerca de 1,2 bilhão de litros de
cachaça por ano. Em 2012, cerca de 8 milhões de litros foram exportados, ou
cerca de 0,66% do total.
O reconhecimento por parte do governo americano também deve fazer com que, no
longo prazo, as exportações aumentem. Bastos estima que, em cinco anos, o valor
das exportações possa mais do que triplicar, chegando a US$ 50 milhões; em
2012, foram US$ 15 milhões.
Estrangeiro
só conhece caipirinha
Um dos obstáculos para o aumento das
exportações, porém, é o fato de os estrangeiros desconhecerem a cachaça. As
vendas no exterior ainda são quase totalmente associadas à caipirinha.
"Se você pergunta ao consumidor lá fora do que é feita a caipirinha, ele
não sabe. Ele acha que pode ser feita com qualquer destilado", diz
Darleize Barbosa, gerente de exportação da Companhia Müller de Bebidas, fabricante
da cachaça 51.
Até por isso, as empresas têm dificuldade de vender, lá fora, produtos premium, que são mais caros e
são a mais recente aposta dos grandes fabricantes no mercado interno.
Na tentativa de educar o consumidor americano, a fabricante Pitú mantém, nos
Estados Unidos, uma profissional que "dá aulas" sobre o produto para
distribuidores da Flórida e de Nova York. "Ela ensina o que é a cachaça e
como pode ser consumida", diz a diretora de comércio exterior da Pitú,
Vitória Cavalcanti.
Para os fabricantes, a realização da Copa do Mundo e da Olimpíada no Brasil vai
ajudar a tornar a bebida mais conhecida. "O potencial é grande, e o
consumidor tem desejo de conhecer o produto. Todos estão perguntando sobre a
cachaça", diz Eduardo Bendziu, diretor de marketing da Ypióca. A empresa
pertence ao grupo britânico Diageo, produtor do uísque Johnnie Walker e da
vodca Smirnoff.
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