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Bancário,
carregador de móveis, vendedor de cachorro-quente, fabricante de carrinho de
cachorro quente, vendedor de marmita, garçom, faxineiro, assistente de
importação, importador de muambas do Paraguai e, finalmente, empresário.
Essa
é a trajetória profissional de Ednelson Albuquerque, mais conhecido como Tedd
Albuquerque, 48, proprietário da loja “Como Assim?!...”, retratada no livro com
o mesmo nome da sua empresa, recém-lançado pela editora Biografia.
Pernambucano,
Albuquerque mudou-se para São Paulo há 25 anos em busca de emprego. Sem
formação universitária e com pouco dinheiro para se manter na capital
paulistana, dormiu em pensão e alugou uma cama para passar as noites. “Estava
disposto a trabalhar com qualquer coisa para conseguir, pelo menos, dividir um
apartamento com um colega”, recorda.
Após
quase dez anos de trabalho duro, Albuquerque conseguiu um emprego em uma
agência de turismo para trabalhar com promoção de eventos. Permaneceu nesse
trabalho por quatro anos até que decidiu fazer uma viagem para a Europa com o
dinheiro que havia guardado dos empregos anteriores.
Durante
a estadia no exterior, conheceu um estilo de negócio bastante peculiar no
continente europeu: a empresa colaborativa. Nesse tipo de empreendimento uma
loja é composta por vários vendedores independentes, geralmente artesãos. “Tive
um clique e decidi: vou trazer esse modelo para o Brasil”, conta Albuquerque.
De
volta ao Brasil e com pouco dinheiro, o pernambucano decidiu promover uma feira
nos moldes colaborativos em um estacionamento na capital paulista. Lá, reunia
artesãos e cobrava uma taxa de aluguel pelo espaço. Para fugir de problemas
como o mau tempo, que atrapalhavam os negócios, mudou-se para um espaço maior
há 13 anos no Shopping Center 3, na Avenida Paulista – onde a feira ocorre até
hoje, sempre aos domingos.
Expansão
dos negócios
Já
capitalizado, Albuquerque expandiu o negócio e abriu a loja colaborativa “Como
assim?!...”, há cinco anos, na Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, zona oeste
de São Paulo.
Com
três andares e um restaurante, o estabelecimento conta com produtos de 46
artistas, entre sapatos, roupas, sabonetes, bolsas e lenços. “Aos sábados,
recebemos cerca de 6 mil pessoas”, contabiliza. O empresário se considera uma
espécie de incubadora do varejo e o faturamento anual, segundo ele, já é R$ 1
milhão.
A
artesã Norma Pereira, que não revela sua idade, é uma das expositoras.
Ex-vendedora da loja, ela sempre teve o desejo de vender os próprios produtos.
Foi quando teve a ideia de chamar um colega que produzia sapatos ecológicos
para uma parceria. Há dois anos os dois criaram a Sapatos Norma Lee.
O
estande de Norma vende uma média de 350 sapatos por mês (ao preço médio de R$
70). O faturamento, contudo, não é revelado pela empresária. “O conceito
colaborativo é perfeito para o meu negócio que está começando agora”, explica
ela.
Para
um espaço de 12 metros quadrados na loja, a empresária paga a Tedd um aluguel
de R$ 1.600, mais as taxas de administração que correspondem a 5% das vendas.
Já na feira, ela paga R$ 1.300 por três metros quadrados. Apesar de satisfeita,
Norma deseja abrir a própria loja, fora do modelo colaborativo.
“Estou
fazendo minha clientela para depois montar a minha loja. Precisaria do triplo
do dinheiro para bancar o aluguel de um ponto próprio”, explica a empresária.
Ao
contrário de Norma, Marcos Osmar, 55 anos, que tem um estande de artigos
diversos na loja e na feira organizada por Tedd, não pensa em abrir um ponto
independente. O motivo: evitar dor de cabeça. “Para ser dono de uma loja [independente],
você precisa ter um fonte forte de renda e custear um alto valor de aluguel.
Muitas vezes, as vendas não cobrem os gastos e você fica no prejuízo”, explica
o vendedor.
Osmar
teve duas lojas da marca Imaginarium em shoppings da capital paulista, mas
vendeu os pontos para criar sua própria empresa de artigos criativos. “Acabei
decepcionado com a franquia. Nos meus estandes [na feira e na loja], quando o
movimento está ruim, está bom”, brinca ele, que expõe 35 produtos por dia e não
revela seu faturamento.
Para
um espaço de nove metros quadrados no Shopping Center 3 e na loja de Tedd,
Osmar paga um aluguel de R$ 2,2 mil (só aos domingos) e R$ 1,5 mil,
respectivamente. “O aluguel na feira é caro, mas a relação entre custo e
benefício é boa”, pondera
Modelo
em expansão
Para Gustavo
Carrer, consultor do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São
Paulo (Sebrae-SP), o modelo de espaço colaborativo encontra bastante espaço
para expansão no Brasil, uma vez que há poucas lojas operando dessa forma.
Antes
de abrir um negócio desse tipo, no entanto, o consultor alerta o empreendedor a
manter uma identidade na loja. "O consumidor precisa ver o estabelecimento
e saber que lá encontra os produtos que deseja", explica.
Já
para artesãos que planejam ter um estande em uma loja colaborativa, vale a dica
de não contar apenas com esse canal para turbinar o faturamento ou apenas
manter as contas no azul. "Ele [comércio colaborativo] é bom para quem
está começando, mas é importante ter um outro canal de venda, como uma pequena
loja ou um site, para não perder clientes caso o contrato com o dono da loja
seja rompido repentinamente", indica Carrer.
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