A
perspectiva de uma revoada tucana vem tomando corpo na ala do PSDB mais ligada
ao ex-governador José Serra (SP). O combustível para essa ideia, na opinião
líder do partido no Senado, Alvaro Dias (PR), foi a “escolha” antecipada do
nome do senador Aécio Neves (MG) como candidato do partido em 2014.
“Tudo
isso é consequência de uma postura de antecipar o nome do candidato sem
discutir com a base do partido, sem a participação da militância”, considerou o
senador, que não descarta os movimentos dissidentes.
O
nome de Aécio foi lançado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ,
em reunião do partido, no final do ano passado. O próprio Fernando Henrique vem
se empenhado para angariar recursos para a candidatura de Aécio.
“Revoada
pode ser exagero, mas o que não dá e ter uma postura de avestruz, que enterra a
cabeça e ignora que a insatisfação existe”, disse o senador. “A estratégia
adotada foi de valorizar a cúpula do partido e desconsiderar as bases. É claro
que isso gera dissidência”, ponderou o senador.
Dias
considera que a postura adotada pelo partido de escolher o candidato é um
caminho sem volta. “Falar em primárias agora soa um pouco falso. Isso teria que
ter sido feito no ano passado, antes das eleições municipais. Poderíamos ter
até lançado uma campanha do tipo ‘filie-se ao PSDB e escolha seu candidato à
presidência’. Perdemos essa oportunidade”, ponderou Dias, que entregará no
próximo dia 31 a liderança do partido no Senado. “A realização das primárias
teria somente a função de legitimar uma decisão que já foi tomada”, explicou.
O
novo líder dos tucanos deverá ser o senador Cássio Cunha Lima, ligado a Aécio
Neves. O mineiro também está em campanha para assumir o comando nacional da
legenda.
Fusões
a vista
Em
conversas com outras legendas os tucanos falam em aproveitar a disposição de
siglas que, como o PPS, estudam se fundir com outra legenda e assim abrir
possibilidades de filiações, sem que haja perda de mandatos e restrições da lei
eleitoral para a disputa em 2014.
Tucanos
avaliam que dissidentes não teriam robustez suficiente para formar outro
partido já que o PSD foi uma “primeira porta” aberta nesse campo político no
Brasil. “Além de ter sido a primeira porta, o então prefeito Gilberto Kassab
estava no poder, o que não é o nosso caso”, avalia o senador. “Não é tão fácil
assim lançar um novo partido”, avaliou Dias.