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A
Justiça de Araçatuba acatou uma denúncia do Ministério Público (MP) contra o
ex-diretor do Núcleo de Perícias Criminalísticas Sadraque Cláudio e o advogado
e professor de Direito Jorge Napoleão Xavier, acusados de receberem propinas para
fraudar laudos de provas em munições e acessórios de armas apreendidas pela
polícia numa mansão do condomínio de luxo Serra Dourada, na cidade. As
informações são do portal Terra.
Em
21 de março deste ano, a polícia apreendeu cerca de 90 armas - entre elas 21
fuzis e metralhadores e milhares de munições e outros acessórios -, avaliadas
em mais de R$ 1 milhão. O dono das armas, o eletricitário Marco Antônio Ribeiro
Girão, posteriormente acusado pela polícia por manter um esquema de fraude de
relógios de energia elétrica, teve a prisão preventiva decretada pelo juiz
auxiliar da 3ª Vara Criminal, José Daniel Dinis Gonçalves, e está foragido.
A
mulher de Girão, Adriana Girão, e o pai dele, Jurandir Girão, também foram
denunciados. O advogado vai responder processo por corrupção passiva; o ex-diretor
do Núcleo de Perícia responderá por corrupção passiva, fraude processual e
falsas perícias, e Marco Girão, Jurandir e Adriana vão responder por corrupção
ativa.
Em
depoimentos, o advogado e o ex-diretor negaram as acusações. Os defensores dos
acusados não quiseram falar com a imprensa antes da citação dos seus clientes.
Sadraque foi afastado pela Justiça, a pedido do MP, do cargo de diretor do
núcleo, mas continua como perito estadual. As denúncias, baseadas em
investigações e interceptações telefônicas feitas pelo Departamento de
Inteligência da Polícia Civil, revelam que Marco Girão e seu pai convenceram
Sadraque a fraudar testes feitos com munições e silenciadores que estavam em
poder da perícia.
Isso
porque, durante as investigações, Girão conseguiu documentos que o autorizavam,
como colecionador e armeiro, a manter a maioria das armas em sua casa, mas não
obtinha autorização para possuir as 99 munições de ponto 50, usadas em baterias
anti-aéreas, e dois silenciadores, de uso exclusivo das forças armadas,
apreendidos na operação. Ainda durante as investigações, a polícia também
descobriu que Girão liderava um esquema de fraude em relógios de energia
elétrica, com qual a quadrilha lucrava em torno de R$ 300 mil por mês de
consumidores, que não queriam pagar a conta de eletricidade correta.
Propinas
de R$ 50 mil
Segundo a denúncia, a propina a ser paga seria de R$ 50 mil. Transcrições de
interceptações, feitas em 25 de julho e anexadas na denúncia, revelam que
Jurandir e Sadraque Cláudio se encontraram para o acertar o pagamento de
propina, na qual o advogado Napoleão Xavier seria encarregado de receber o
dinheiro para repassá-lo ao então diretor do Núcleo de Perícias.
Outras
interceptações sugerem que o dinheiro seria dividido com outros peritos, mas a
polícia acredita que a propina ficaria toda com Sadraque Cláudio e Napoleão
Xavier. Fitas de vídeo do circuito interno do escritório do advogado
apreendidas pela polícia mostram, segundo os promotores, que o pagamento da
propina foi parcelado e que Marcos Girão teria pago, efetivamente, R$ 30 mil
dos R$ 50 mil acertados. As imagens, segundo a denúncia, mostrariam Marco
Antônio Girão, Jurandir e Adriana, levando o dinheiro para o advogado em dias
alternados.
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