"Eu dormia com faca, com medo de ele voltar", diz estuprada em Birigui

pai desvendou o crime

A jovem vítima de estupro em Birigui (SP) em 2005, que teve o caso investigado pelo pai até que o agressor fosse encontrado, diz que não saiu de casa por pelo menos um mês depois do estupro e teve crise de pânico e depressão.


“Eu dormia com uma faca do meu lado, achando que ele pudesse voltar pra vir me fazer mal de novo. De tanto medo que eu tinha”, disse em entrevista ao Fantástico deste domingo (4).


O pai da jovem, que tinha 17 anos na época, investigou por conta própria o crime por sete anos, contando com a ajuda da internet e até de criminosos para localizar o suspeito. Com as provas que o empresário juntou, a Interpol, Polícia Internacional, localizou e prendeu Alexandre Oliveira, de 34 anos, em Lisboa (Portugal). O agressor deve ser extraditado para o Brasil nos próximos dias.


Mesmo com a prisão do agressor, a jovem disse que não conseguiu superar o trauma. “É uma marca que fica. Eu me sinto aliviada de ele estar preso, mas não me sinto feliz, porque o que ele deixou em mim, é uma coisa que fica na alma”.

 

O estupro


Ela contou ter sido estuprada no banco de trás do carro do namorado, com ele sentado na frente no mesmo veículo. “Todo o tempo com a arma na minha cabeça”, relatou. A jovem e o namorado haviam brigado e pararam o carro em uma avenida de Birigui para conversar. “Na época, eu tinha uma Saveiro.

 

Então a gente abaixou a tampa e ficamos conversando”, disse.

Os dois estavam indo embora quando o agressor chegou, assaltou os dois e os levou para um lugar mais distante, no carro do namorado. Embaixo de uma árvore, no escuro, ele estuprou a jovem. “Foi ali que ele pediu pra eu passar para o banco de trás. Foi onde ele praticou todo o ato.”

 

Ela diz ter tido dificuldade de reconhecer o agressor porque ele usava uma blusa com gola, que cobria até o nariz. Como precisava de 100% de certeza para fazer o reconhecimento, ela não pode acusar. “Eu tinha uns 80% de certeza que era ele. Eu tinha por conta da voz”, disse.

 

Sem o reconhecimento, o caso foi arquivado, mas ela fez o exame de corpo delito, que recolheu o material do agressor em seu corpo. “Eu falei que queria dar continuidade nisso, então assim que a polícia foi chamada eu fui pro hospital e fui pro IML”, afirmou a jovem ao Fantástico.

 

O pai da vítima não desistiu da investigação. O empresário contou que passou dias e noites acordado na busca de pistas que levasse ao criminoso e descobriu que o suspeito havia ido para Portugal. Foi então que ele foi procurado por pessoas que afirmavam que o homem era o agressor e descobriu que ele tinha um filho no Brasil.

 

Mais tarde, quando a ex-mulher do estuprador procurou o pai da jovem dizendo que poderiam colher material do filho para comparação, foi possível comprovar a culpa.

 

“Agora, com o retorno dele ao Brasil, o processo vai ter o curso normal. As testemunhas serão ouvidas, ele será interrogado, e ao final, vai receber a pena se condenado pelo estupro e condenado pelo roubo”, diz a promotora Diana Silva Braus.

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