Aos
80 anos e em sua 16ª Bienal, o pai do Menino Maluquinho não cessa de enfatizar
a importância de feiras literárias e do próprio livro para enfrentar o que ele considera
em “emburrecimento” endêmico da sociedade.
“A
família brasileira não lê. Nós temos a internet que pode ser a fonte da vida e
do conhecimento, mas o computador é usado como brinquedo. Muitos pais não
percebem, mas seus filhos se tornaram idiotas”, disse Ziraldo ao UOL.
“Bote um livro na mão do seu filho e ensine o domínio da leitura. Se ele não
dominar isso, só vai dar certo se souber jogar futebol ou dar porrada muito bem
para entrar nesse UFC”.
Ziraldo
mostra não aprovar o sucesso das competições de artes marciais mistas. “Liguei
a TV de madrugada outro dia e vi dois seres se esfregando. Achei que fosse
pornografia. E aí o chão começou a se encher de sangue como se tivesse rompido
o hímen. Só depois percebi que era essas lutas”, contou Ziraldo.
Apesar
de ser autor de obras que marcaram seguidas gerações de crianças brasileiras,
Ziraldo diz que não se considera um narrador. “Não tenho um talento como o de
Thalita Rebouças ou da autora do Harry Potter”, falou. “Eu parto de uma ideia
simples como uma ilustração e tento fechá-la com chave de ouro, como fazia
quando trabalhava no marketing”.
“O
livro é o objeto mais perfeito da história da humanidade”, defendeu Ziraldo.
“Você carrega a história em suas mãos, sente o cheiro do papel, o tempo que
você vira uma página é um tempo que percorre na história. O livro contém vida e
isso não pode ser substituído por algo frio e digital”.
Quando
perguntado sobre o que mudou em sua comunicação com as crianças em todos os
anos de literatura infantil, Ziraldo responde: “Não mudou nada. Os tempos e as
tecnologias podem mudar, mas a criança não muda nunca”. Ziraldo lança na feira
“O Grande Livro das Tias” (Melhoramentos), homenagem às tias e sua importância
na infância.