Pelo
menos 9.621 escolas em atividade do país declararam que os alunos não têm água
filtrada para beber e, tampouco, recebem água potável da rede pública. Os dados
estão no Censo da Educação Básica de 2010, o mais recente disponível. Esse
número representa 4,8% das 200.876 unidades em atividade.
Quando
não se considera o quesito água da rede pública, o número mais que duplica e
sobe para 21.120 escolas. A maioria delas (8.799 do total) é rural e da rede
municipal (7.874 das 9,6 mil). Também há 80 unidades particulares na lista.
A
única unidade da federação que não tem nenhuma escola na lista é o Distrito
Federal. Lideram o "ranking" Pará (2.552), Rio Grande do Sul (1.688),
Amazonas (1.643), Paraná (819) e Santa Catarina (781).
Para Denise Carreira, da Ação Educativa, os números são informações
"sintonizadas com os desafios da igualdade brasileira". "Esses
dados jogam mais uma vez na nossa cara que essa desigualdade está aí. Ela
persiste apesar dos avanços dos indicadores", afirma.
Segundo ela, uma das justificativas para o fato de que a maioria das escolas
fica na zona rural é que boa parte desta população é "excluída".
"Às vezes, há uma negação do campo brasileiro. Cadê essa população? Há uma
negação de que existe uma população aí", diz. "É fundamental que o
PNE [Plano Nacional de Educação, em tramitação no Congresso] estabeleça metas
de equalização. Além das metas de melhoria do acesso de qualidade pra todo
mundo, também tem que prever metas para diminuir a desigualdade entre grupos da
população."